BE/Açores diz que inquérito às empresas regionais foi "ataque aos serviços públicos"
30 de jan. de 2019, 10:30
— Lusa/AO Online
Em
comunicado enviado no dia em que foi aprovado o relatório final da
comissão, o Bloco de Esquerda afirma que os trabalhos serviram como uma
“campanha de ataque aos serviços públicos promovida por forças
económicas e políticas cujo objetivo é passar ativos públicos para a mão
de empresas privadas”.“Não
foi por acaso que a privatização da SATA e dos portos da região
coincidiu com o decorrer desta comissão de inquérito”, prossegue a nota
do partido coordenado nos Açores por António Lima.O
BE defende que “o âmbito desta comissão era demasiado alargado e
genérico, o que impediria uma análise aprofundada sobre cada entidade
pública”, acrescentando que as conclusões que constam do relatório final
são “um conjunto de informações com pouca utilidade”, justificando,
assim, a abstenção do partido na votação do documento.“Numa
declaração de voto, o BE assume defender a existência das empresas
públicas que, de facto, defendem o interesse público, mas sempre foi
contra a criação de empresas públicas que serviram para contrair e
esconder dívida, para fugir ao escrutínio democrático a que os
organismos públicos estão sujeitos e para colocação de pessoas afetas ao
partido do poder, assim como empresas públicas que acabam por absorver
competências que deviam ser desempenhadas pelos departamentos do Governo
Regional”, explica.O
partido refere, ainda, que “a verdadeira razão” para o anúncio da
extinção de várias empresas públicas, por parte do Governo Regional,
liderado pelo socialista Vasco Cordeiro, “foi o facto de terem sido
alteradas as regras de apresentação das contas públicas da região, que
passaram a abranger estas empresas”.Na
reunião da comissão de inquérito, o deputado do Bloco de
Esquerda Paulo Mendes absteve-se na votação que acabaria por aprovar o
relatório final, com os votos favoráveis da maioria socialista e os
votos contra do PSD e do CDS-PP.O
documento final conclui, de acordo com as alterações propostas pelo PS,
que as entidades do setor público "constituíram-se como um instrumento
estratégico fundamental para permitir à região meios de intervenção
económica e social que proporcionaram, a todos os açorianos e a todas as
ilhas, a melhoria dos níveis de bem-estar, de coesão e de
desenvolvimento".A
versão inicial, redigida pelo relator da comissão, o deputado
social-democrata António Vasco Viveiros, sugeria, no entanto, que
"algumas entidades" analisadas pela comissão "e com elevada expressão
financeira revelaram-se incapazes na prossecução do interesse público ao
ponto de o próprio Governo Regional ter anunciado a intenção de as
extinguir”.A
comissão terminou com a aprovação do
relatório final, que põe termo à análise que foi feita ao longo de um
ano a várias entidades do setor público açoriano, com o intuito de
avaliar a situação económica e “conferir, avaliar e concluir sobre as
políticas estabelecidas, orientações estratégicas de gestão, contratos
de concessão e contratos de gestão” das entidades objeto da comissão.