BE/Açores diz que hospital de Ponta Delgada foi “irresponsável” na gestão do ataque informático
14 de dez. de 2021, 18:23
— Lusa/AO Online
“O
relatório da equipa de segurança da Microsoft ao ataque informático ao
hospital de Ponta Delgada demonstra que o Conselho de Administração do
hospital foi irresponsável ao revelar publicamente que estava a ser alvo
de um ataque informático, o que podia ter precipitado uma ação drástica
do atacante”, refere o Bloco, em nota enviada aos órgãos de comunicação
social. De acordo com o BE/Açores, “em
nenhuma parte do relatório, elaborado por peritos em cibersegurança, é
recomendado o desligamento de todos os sistemas informáticos”, uma
decisão “tomada pela administração do hospital contra a opinião do então
diretor de informática”.Na análise ao
relatório da equipa de segurança da Microsoft ao ataque informático ao
hospital de Ponta Delgada, a que o grupo parlamentar “teve acesso
através de requerimento e que foi classificado pelo Governo como
confidencial”, os bloquistas apontam que no documento “diz-se claramente
que nenhuma ação que alerte o atacante deve ser realizada”.Questionada
pela Lusa, fonte do partido explicou que as "partes sensíveis" do
relatório não foram divulgadas no comunicado de imprensa, tendo em conta
a classificação de confidencial.O
BE/Açores considera que “revelar a existência de um ataque informático
através de um comunicado de imprensa foi uma irresponsabilidade por
parte do Conselho de Administração, que colocou em ainda maior risco o
sistema informático do hospital e do serviço prestado aos utentes”.O
relatório, segundo o Bloco, confirma que a partir de 19 de junho “não
houve mais atividade maliciosa no sistema informático do hospital, o que
confirma a versão do antigo diretor de informática da unidade, que, em
audição no parlamento, assegurou que nesta data, antes da contratação da
equipa de especialistas da Microsoft, por 130 mil euros, o ataque tinha
sido contido”.“Tendo em conta que o
antigo diretor de informática foi contra o desligamento de todos os
sistemas e que esta ação também não foi recomendada pelos peritos da
Microsoft, continua por explicar qual foi o suporte técnico para que
fosse tomada esta decisão drástica que causou o caos no funcionamento do
hospital e que causou um sério risco clínico”, refere a força política.O
BE/Açores recorda que a decisão de desligar todos os sistemas
informáticos sem aviso prévio “foi tomada pela Direção Regional das
Comunicações, tutelada pela secretária regional das Obras Públicas e
Comunicações, que terá de explicar a decisão no parlamento, quando for
ouvida acerca deste assunto”.A 29 de
novembro, a presidente do Conselho de Administração do hospital de Ponta
Delgada afirmou que a decisão de “isolar informaticamente” a unidade de
saúde “foi correta e eficaz”, considerando que o ex-diretor de
informática “desvalorizou” a suspeita de ataque informático.“Foi
uma atitude correta. Foi uma atitude de risco, mas tornou-se eficaz. E
voltaríamos a tomá-la”, afirmou Cristina Fraga, rejeitando que a
situação tenha provocado um caos no Hospital do Divino Espírito Santo
(HDES), como apontou o antigo diretor de informática.A
responsável falava na reunião da Comissão Especializada Permanente de
Assuntos Sociais da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos
Açores, no âmbito de audições requeridas pelo grupo parlamentar do Bloco
de Esquerda (BE), que justificou as audições “com notícias que surgiram
a partir de finais de maio relacionadas com os problemas informáticos
surgidos no hospital, que geraram perturbação no próprio funcionamento”
da maior unidade de saúde dos Açores.Também
ouvido no mesmo dia em sede da comissão parlamentar, o ex-diretor de
informática do hospital de Ponta Delgada Ricardo Cabral rejeitou
responsabilidades nos problemas informáticos ocorridos na unidade de
saúde, criticando "o caminho errado" e "perda de raciocínio lógico" da
administração.A 24 de junho, o Governo
dos Açores informou ter sido detetada "uma tentativa de intrusão externa
no sistema informático" do hospital de Ponta Delgada, pelo que foi
acionado um plano de contingência."Tendo
sido detetada uma tentativa de intrusão externa no sistema informático
do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, o Conselho de
Administração informa que o mesmo está a funcionar com condicionantes,
resultantes da necessidade de o defender e de repelir qualquer ação
maliciosa", lia-se na nota enviada às redações nesse dia.