BE/Açores denuncia falta de recursos humanos e "falso" 'outsourcing' na RTP/Açores
7 de fev. de 2019, 18:27
— Lusa/AO Online
O
deputado bloquista no parlamento açoriano considera preocupante “a
falta de recursos humanos que a RTP Açores tem, recursos humanos que
fazem muita falta e que, sem eles, não é possível que a RTP/Açores tenha
mais produção própria”.António
Lima falava aos jornalistas à margem de uma reunião do partido com a
subcomissão de trabalhadores da delegação açoriana do canal público de
televisão, que ocorreu hoje, na delegação de Ponta Delgada da Assembleia
Legislativa Regional.No
encontro foram discutidos temas do interesse dos trabalhadores, como a
precariedade laboral na empresa e o processo de integração de
trabalhadores ao abrigo do Programa de Regularização Extraordinária dos
Vínculos Precários na Administração Pública (PREVPAP).O
parlamentar denunciou, ainda, a questão dos trabalhadores que não foram
integrados nos quadros por terem contratos de prestação de serviços em
nome de uma empresa, o que diz ser um “falso 'outsourcing', porque esses
trabalhadores trabalham, efetivamente, para a RTP, têm uma hierarquia,
seguem um horário de trabalho e ordens diretas da sua hierarquia, por
isso, na prática, são trabalhadores da RTP”.“Esta
situação não deveria acontecer, porque, mesmo no PREVPAP, aconteceram
situações, em hospitais públicos” em que trabalhadores em regime de
'outsourcing' foram integrados nos quadros dos hospitais, acrescentou.A
reunião do grupo parlamentar do BE com a subcomissão de trabalhadores
da RTP/Açores surge no seguimento da audição da direção do centro
regional da estação pública de televisão na Comissão de Assuntos
Parlamentares, Ambiente e Trabalho (CAPAT), em que a diretora da
empresa, Lorina Bernardo, admitiu não saber quantos trabalhadores em
regime precário tinha a empresa, tendo-se comprometido a remeter a
informação para a comissão até meados de janeiro.A
documentação, recebida pela CAPAT recentemente, revela que, “ao longo
do ano de 2018, houve cerca de 140 pessoas que colaboraram com o CRA
[Centro Regional dos Açores] em regime de 'outsourcing' ou prestação de
serviços” e que, “entre 2015 e 2018, foram feitos 26
reenquadramentos/reclassificações no CRA”.O
documento ressalva que estes trabalhadores cobrem áreas não nucleares
da empresa “como segurança, limpeza, manutenção, refeitório, bem como
picos de trabalho ou eventos especiais (desportivos, musicais,
entretenimento), trabalhando, maioritariamente, ‘à peça’ ou ‘à
hora/dia’, ou para um programa específico, como comentadores ou
correspondentes locais, em função das necessidades editoriais.”Sobre
o PREVPAP, que resultou na integração de seis trabalhadores, quatro em
Ponta Delgada e dois na Horta, a RTP esclarece que se tinham inscrito 13
colaboradores para efeitos de integração nos quadros."Os
restantes colaboradores foram considerados regulares prestações de
serviços dentro do quadro legal aplicável, em funções não core,
específicas, pontuais, 'à peça' ou num único programa, ou suprindo
necessidades temporárias", acrescenta.O
grupo parlamentar do BE na Assembleia da República anunciou, esta
quarta-feira, que quer ouvir a Ministra da Cultura sobre o processo do
PREVPAP e os parlamentares bloquistas na Assembleia Legislativa Regional
solicitaram um debate de urgência sobre “precariedade laboral na Região
Autónoma dos Açores” para a próxima sessão de plenário, que se realiza
na próxima semana, na sede do parlamento açoriano, na cidade da Horta.