BE/Açores denuncia cenário laboral "extremamente preocupante" na conserveira Cofaco
26 de mar. de 2019, 15:42
— Lusa/AO Online
António
Lima declarou que a sua força política recebeu um “número considerável
de queixas” e relatos sobre as condições de trabalho das cerca de 300
mulheres que trabalham naquela indústria da ilha de São Miguel.O
dirigente, que falava em conferência de imprensa, em Ponta Delgada,
referiu que os relatos que chegaram “verbalmente e por carta” descrevem
um cenário de “enorme pressão e assédio” sobre os operários,
maioritariamente mulheres.“Este panorama,
de acordo com as trabalhadoras, tem vindo a agravar-se nos últimos
meses. A falta de intervenção das autoridades competentes e o receio de
represálias levaram a que estas nos procurassem, para que alguém aja e
ponha cobro ao que designam como assédio, baseado na humilhação e
intimidação”, afirmou o responsável pelo BE/Açores.Além
das “limitações e regras impraticáveis para idas à casa de banho”, que
conduzem a que as trabalhadoras “não possam resistir a tantas horas de
espera”, António Lima refere que predomina a “proibição de falar” na
linha de limpeza do peixe e no refeitório, gerando-se um ambiente de
trabalho “tóxico e militarista”. O
dirigente aponta ainda “situações de discricionariedade na aceitação de
documentos justificativos de falta”, o que tem conduzido a processos
disciplinares a, pelo menos, seis trabalhadores por ultrapassam do
limite de faltas injustificadas.António
Lima pretende que haja uma “rápida intervenção” na unidade fabril por
parte da Inspeção Regional do Trabalho (IRT) que contemple uma visita à
fábrica, inquirições à administração e ouvir-se as trabalhadoras.Além
da Inspeção Regional do Trabalho, o coordenador do BE/Açores defendeu
uma intervenção da Comissão Regional para a Igualdade no Trabalho e no
Emprego dos Açores, pelo que irá enviar um ofício a ambos os organismos
com a descrição de relatos e cartas que foram recebidas.António
Lima reiterou que as empresas que violam a legislação laboral não devem
ser apoiadas por dinheiros públicos, tendo adiantando que tanto a
Inspeção Regional do Trabalho como a Comissão Regional para a Igualdade
no Trabalho e no Emprego dos Açores "não têm feito o seu trabalho".A
agência Lusa tentou obter uma reação dos responsáveis pela Cofaco às
denuncias do BE/Açores mas, até ao momento, não obteve resposta.