BE/Açores critica Governo Regional por permitir aumento das desigualdades
Covid-19
21 de jan. de 2021, 18:23
— Lusa/AO Online
Em conferência de imprensa
realizada na delegação da Assembleia Regional em Ponta Delgada, o líder
do BE/Açores, António Lima, considerou que as medidas sociais e
económicas do executivo açoriano “têm chegado tarde” e “não têm estado à
altura da enorme exigência” da atual situação pandémica.“Além
do problema de saúde pública, a pandemia não pode significar uma
destruição da economia e o aumento das desigualdades sociais. No
entanto, o Governo [Regional] está a permitir que isso aconteça”,
declarou.O coordenador do Bloco de
Esquerda nos Açores destacou que o partido irá propor a realização de um
estudo para “aferir os impactos do prolongado encerramento” das escolas
na ilha de São Miguel, devido à Covid-19.O
BE pretende que a região “garanta imediatamente a atribuição de
computadores portáteis” para “todos os alunos” do arquipélago,
recordando a aprovação em maio de uma proposta do CDS no parlamento
regional que visava precisamente esta medida.“Continuam
a existir alunos em ensino à distância sem acesso a equipamentos
informáticos, alguns desde novembro. Sem equipamentos para todos, o
ensino à distância é pouco mais do que uma miragem, apesar do esforço de
professores e alunos”, afirmou.O líder
parlamentar regional do BE/Açores informou que os encarregados de
educação da Escola Básica e Integrada de Rabo de Peixe (que está sob
cerca sanitária e onde está proibida a circulação na via pública)
receberam uma comunicação para irem à escola levantar “fichas e
fotocópias” caso os alunos não tenham acesso a equipamentos
informáticos.“Que cerca sanitária é essa
quando se diz que os pais têm de sair de casa para irem à escola buscar
fichas de trabalho para os seus filhos?”, questionou.Para
destacar a “iminência de um brutal aumento do desemprego”, António Lima
citou um inquérito realizado pelo Serviço Regional de Estatística
(SREA) que concluiu que 20% das empresas perspetivam reduzir os postos
de trabalho em 2021.O bloquista criticou
as medidas de apoio ao emprego do Governo Regional por permitirem que as
“empresas despeçam até 25% dos seus trabalhadores” e defendeu
alterações aos programas.Segundo o
BE/Açores, no programa de apoio à liquidez, as empresas devem receber
100% do apoio recebido em 2020 (e não 75%) com a “contrapartida de
manterem 100% do emprego, sem exceções”.O
Bloco também defendeu alterações no programa de manutenção do emprego
para que os apoios obriguem à “manutenção de todo o emprego, inclusive
os trabalhadores precários”.“Mais uma
vez são os trabalhadores desprotegidos, os precários, os primeiros a
sentir e a sofrer com a crise. É por isso incompreensível que o governo
crie apoios que escancaram desta forma a porta aos despedimentos”,
declarou.Na semana passada, o presidente
do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, avançou que os empresários e
empresas que tenham perdido rendimentos e tenham acedido às medidas de
antecipação de liquidez e do complemento regional ao 'lay-off'
simplificado vão ter direito a um valor equivalente a 75% do que
receberam em 2020.