BE/Açores contra proposta do Governo Regional para miradouro da Lagoa do Fogo
26 de fev. de 2020, 15:40
— Lusa/AO online
Para
o BE/Açores, a estratégia do Governo Regional é “adaptar a zona
protegida à pressão dos atuais e futuros visitantes” e “não o
ordenamento da cada vez maior procura dos visitantes ao local, que se
quer protegido e preservado”.O Governo Regional pretende criar uma zona de apoio aos visitantes e um novo miradouro no interior da caldeira.Em
comunicado, aquela força política sugere uma solução alternativa, que
passaria pela utilização de ‘shuttles’ elétricos, associados a locais de
estacionamento em zonas “mais distantes da zona protegida”.Esta
é uma solução “ecologicamente mais sustentável”, que “permite a
limitação do número de viaturas no local em simultâneo”, criando “menor
pressão sobre aquele espaço, que deveria ter o mínimo possível de
intervenção”, defendeu o BE/Açores.O
partido recorda que a área da caldeira do vulcão da Lagoa de Fogo é um
geossítio classificado como reserva natural desde 1974, estando inserida
no Plano Setorial para a Rede Natura 2000 dos Açores, como zona
especial de conservação da diversidade biológica e ecológica.“Condenamos
a realização de obras públicas em áreas classificadas como reservas
naturais e definidas pelo próprio Governo Regional, obras essas que
servem apenas para responder ao aumento do turismo e não para
compatibilizar a fruição do local com a sua necessária proteção e
conservação”, referem os bloquistas.O
BE/Açores estende esta “preocupação geral” à construção de uma ciclovia
no concelho de Lagoa, entre a zona do Portinho de São Pedro e o Largo do
Cruzeiro, uma vez que esta se situa “em zona classificada como reserva
ecológica”, sendo “particularmente vulnerável a fenómenos naturais como
agitação marítima, classificação que pouco pesou na decisão do Governo
dos Açores em autorizar a obra”.O partido
manifesta a sua preocupação com a “falta de cuidado existente na
definição do que possa ser considerado de ‘interesse público’, invocado
para a aprovação e concretização de intervenções em áreas protegidas”.De
acordo com o Governo dos Açores, a intervenção no miradouro da Lagoa do
Fogo foi concebida "na perspetiva de gestão e conservação da área
protegida" de um dos 'ex-líbris' naturais e paisagísticos da região, com
o “objetivo de harmonizar a presença dos visitantes com a preservação
do património natural”.Pretende-se,
simultaneamente, “proporcionar uma experiência singular de visitação a
um dos 'ex-líbris' naturais e paisagísticos da ilha de São Miguel e dos
Açores", lê-se na nota, que surgiu após o PCP/Açores ter pedido
"informações com urgência" ao Governo açoriano sobre o estudo e o
projeto de impacto ambiental de requalificação do miradouro da Lagoa do
Fogo, recordando que o documento mereceu contestação, por exemplo, de
organizações ambientais.O projeto de
requalificação daquela zona foi apresentado em novembro de 2019 pela
Secretária Regional da Energia, Ambiente e Turismo, Marta Guerreiro, que
anunciou que será criada uma zona de apoio aos visitantes e um novo
miradouro, anulando-se o atual, situado na berma da estrada regional”. “Prevê-se
a criação de um novo ponto de acesso ao miradouro, que passará a
localizar-se no interior da caldeira, através da construção de um túnel,
desenhado para que tenha um impacto visual praticamente nulo”, indicou a
governante, citada na altura pelo Gabinete de Apoio à Comunicação
Social (GACS).O Governo Regional quer
ainda dotar o miradouro com um posto de acolhimento, uma zona de
apresentações, instalações sanitárias e o percurso de acesso à caldeira.Segundo
a secretária regional, o miradouro pretende também “disciplinar a
entrada no trilho da Lagoa do Fogo, que se passa a fazer unicamente
através desta zona, permitindo que haja uma gestão, um controlo e uma
monitorização dos acessos mais eficaz”.Outro
dos objetivos desta requalificação é “evitar alguns constrangimentos
atualmente existentes com a paragem de viaturas na estrada”, indicou
Marta Guerreiro.