BE/Açores aponta incumprimentos do Estado na região, PS e Governo Regional falam em atrasos
4 de jun. de 2019, 16:34
— Lusa/AO Online
"A palavra incumprimento é,
infelizmente, inevitável. Isto porque, sem margem para dúvidas, poucos
foram os compromissos com os Açores que foram cumpridos pelo atual
Governo da República", apontou o deputado bloquista, durante um debate
de urgência apresentado no parlamento açoriano, na Horta.António
Lima deu como exemplos desse incumprimento a instalação de três radares
meteorológicos nos Açores ou o arranque da construção da nova cadeia de
Ponta Delgada, obras várias vezes prometidas pelo Governo de António
Costa (PS), ao longo desta legislatura, mas até agora nunca
concretizadas."Os compromissos do Governo
da República com os Açores são uma mão cheia de nada", lamentou o líder
do BE no arquipélago, acusando o PS e o executivo regional socialista,
liderado por Vasco Cordeiro, de se terem remetido ao silêncio em relação
a estas matérias, em vez de defenderem os interesses dos açorianos.O
secretário regional adjunto da Presidência, Berto Messias, recusou
falar em incumprimentos da República para com a região, admitindo apenas
a existência de atrasos em algumas obras e investimentos, como a
instalação dos radares ou a construção do novo estabelecimento prisional
de Ponta Delgada, devido a "questões processuais"."Há
um conjunto de questões processuais que, eventualmente, deviam andar
mais depressa. Agora, tudo aquilo que foi prometido está efetivamente em
andamento", sublinhou o governante, lamentando, por outro lado, que os
bloquistas estejam já em "campanha eleitoral" (as eleições regionais
realizam-se em 2020).Já Artur Lima,
deputado do CDS, recordou que o Bloco de Esquerda também tem
"responsabilidades" no alegado incumprimento das promessas feitas pela
República na região, uma vez que os bloquistas, além de apoiarem o
executivo de António Costa, viabilizaram todos os Orçamentos do Estado
ao longo desta legislatura."Vem aqui fazer
a mais barata propaganda política eleitoralista, quando na verdade os
senhores são os responsáveis pelo não cumprimento. Senão, os senhores
teriam aprovado propostas de alteração e não o fizeram. Aprovaram todos
os Orçamentos do Estado do Governo da República. Portanto, os senhores
são mais culpados do que eles", acusou. Já
Mónica Seidi, do PSD, aproveitou o debate para perguntar onde estavam
os deputados do PS eleitos pelos Açores à Assembleia da República -
Carlos César, Lara Martinho e João Fernando Castro – para não terem
acautelado os interesses da região junto do executivo de António Costa. "Perante
os compromissos que não saíram do papel, o que é que faltou aos
camaradas socialistas da República para não cumprirem aquilo que vieram
aqui anunciar aos camaradas socialistas da região e a todos os
açorianos?", questionou.Francisco Coelho,
deputado da maioria socialista, recusou também falar em incumprimentos,
mas apenas em atrasos, e lembrou que, independentemente de tudo isso, os
Governos socialistas sãos "mais amigos" dos Açores do que os Governos
de direita."Eu não tenho qualquer tipo de
dúvida, e acho que a maioria dos açorianos também não, de que os
Governos da República do Partido Socialista foram, em geral, bem
melhores e mais amigos das autonomias. Ninguém pode ter dúvidas disso",
insistiu.Porém, Paulo Estêvão, único
deputado do PPM no parlamento açoriano, entende que o Estado falhou
também noutras áreas, em relação aos Açores, dando como exemplo o
combate à pobreza."Em relação à pobreza, é
necessária uma agenda açoriana ambiciosa e que tenha, evidentemente,
uma comparticipação financeira muito mais acentuada por parte da
República", frisou, lembrando que o problema vai muito para além de
atrasos e demoras em obras.João Paulo
Corvelo, do PCP, lembrou outros compromissos que o Governo da República
não concretizou nesta legislatura, com destaque para os apoios especiais
aos ex-trabalhadores da conserveira COFACO, na ilha do Pico, aprovados
por unanimidade, mas nunca implementados pelo Estado."Vários
dos compromissos assumidos não serão, de facto, cumpridos nesta
legislatura e, com muita preocupação, verificamos que resoluções
relativas a esta região, aprovadas até por unanimidade na Assembleia da
República, continuam por cumprir por parte do Governo da República",
declarou.