BE/Açores apela ao Governo Regional para intervir nas negociações entre trabalhadores e Atlânticoline

12 de abr. de 2024, 16:48 — Lusa/AO Online

"Perante o impasse nas negociações entre o conselho de administração da Atlânticoline e os trabalhadores, o Bloco de Esquerda considera que o Governo Regional deve intervir e chegar a acordo com os trabalhadores", defende o BE num comunicado.O Bloco lembra que a greve na empresa pública de transporte marítimo, convocada pelo Sindicato da Marinha Mercante, "dura há mais de um mês e não tem fim à vista" porque "a administração da Atlanticoline se mostra indisponível para o processo de negociação".No entender do Bloco, "a importância das ligações marítimas no grupo Central – principalmente entre o Pico e o Faial – que é utilizada diariamente por muitas pessoas por motivos familiares, profissionais ou por doença, devia merecer da parte do Governo Regional uma atenção especial".Nesse sentido, apela ao executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) para promover o diálogo entre a administração e os trabalhadores, lembrando que, "em 2022, perante um outro impasse negocial na mesma empresa, houve intervenção do presidente do Governo Regional".O Bloco considera ainda que, perante "a intransigência" da administração para uma negociação, "torna-se essencial o esforço do Governo nas negociações". Na quarta-feira, o Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pescas alertou que a greve na Atlânticoline "vai durar o tempo que tiver de durar" e insistiu na intervenção do Governo dos Açores."Já se esgotaram todas as situações. A administração não tem condições para negociar connosco. Tem de vir outra pessoa. E o governo. A empresa é propriedade do governo. Esgotaram-se todas as tentativas porque a administração quer aquilo que não é possível", avisou o dirigente sindical Clarimundo Batista em declarações à agência Lusa.O alerta surgiu um dia depois de o presidente do Governo Regional ter rejeitado "para já" qualquer intervenção do executivo açoriano no processo negocial."Quando a própria administração ou os sindicatos e o próprio governo no seu juízo sobre a situação vir que é útil a sua intervenção, falo-á, mas, para já, (a negociação) é no domínio da autonomia e independência da administração de uma empresa do setor público com os representantes dos seus trabalhadores", afirmou José Manuel Bolieiro.Segundo o sindicato, apenas estão a ser realizadas as viagens de serviços mínimos.A greve começou em 07 de março e chegou a ser suspensa em 19 de março devido às negociações entre o sindicato e a administração, mas foi retomada e está agora marcada por tempo indeterminado.O sindicato reivindica aumentos salariais de 15% para os “maquinistas de primeira”, valor que a administração da empresa considera financeiramente incomportável.O dirigente sindical defende que o aumento proposto pela empresa é, na prática, "de apenas 6%", já que a atualização das tabelas salariais para os trabalhadores da empresa já previa outros aumentos para o corrente ano.Na segunda-feira, a Atlânticoline garantiu que o conselho de administração “continua empenhado na resolução deste impasse” e que está “consciente dos graves constrangimentos que esta grave tem causado".A empresa revelou ainda a intenção de solicitar à Secretaria Regional da Juventude, Habitação e Emprego a conciliação do processo.A Atlânticoline transporta anualmente quase meio milhão de passageiros e cerca de 30 mil viaturas, sobretudo entre as ilhas do Triângulo (Faial, Pico e São Jorge), onde opera todo o ano, com recurso a quatro embarcações (dois navios e dois ferries).