BE/Açores acusa Ryanair de "chantagem" devido a "ameaça" de saída de rota
25 de mai. de 2023, 18:27
— Lusa
Numa
conferência de imprensa, o deputado do BE no parlamento açoriano,
António Lima, referiu-se à noticia, "confirmada pela secretária regional
do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, de que a Ryanair ameaçou
deixar os Açores e que, por isso, decorrem negociações com o governo com
vista à manutenção das rotas operadas por essa companhia aérea"."A
chantagem faz parte do modo de atuação da Ryanair , seja para tentar
impedir greves legítimas por melhores condições de trabalho, seja para
extorquir subsídios dos contribuintes das regiões e cidades onde opera. A
ameaça da Ryanair em deixar de voar para os Açores, constitui mais um
exemplo do modo predatório de como esta empresa atua", considerou o
parlamentar. António Lima criticou o modo
de atuação da Ryanair, que, no caso em concreto, está alegadamente a
tentar "extorquir subsídios dos contribuintes das regiões e cidades onde
opera" e "não hesita em exigir subsídios", quando nenhuma outra
companhia aérea que opera as rotas liberalizadas com o continente os
tem"."O Governo Regional tem de divulgar
todos os contratos existentes entre entidades financiadas com verbas
públicas e a Ryanair, nomeadamente VisitAzores, e Câmaras de Comércio.
Vamos requerer esses documentos ao Governo Regional", revelou António
Lima, que é também o líder do BE/Açores.O
deputado explicou que o partido vai preparar um requerimento, que fará
chegar, "nos próximos dias", ao parlamento a solicitar estes dados."São
dados que alguns são públicos, mas queremos conhecer se existem outro
tipo de contratos que não estejam publicados, uma vez que tem sido
noticiado outro tipo de intervenção de outras entidades que não
diretamente o Governo, a VisitAzores e câmaras do comércio, nas
estratégias de promoção do destino, que, na verdade, são uma forma de
atribuir subsídios diretos à operação, a várias companhias, incluindo a
Ryanair", sustentou.Para o BE/Açores, "não
há qualquer justificação para a existência de subsídios ou quaisquer
apoios à promoção do destino - que são na verdade apoios de Estado
encapotados - para que qualquer companhia aérea opere nas rotas
liberalizadas na região". António Lima
lembrou que o "céu dos Açores está liberalizado e voa quem quer, sem
limitações", pelo que "não podem existir subsídios diretos ou
encapotados". "A Ryanair, ciente disso,
não hesita em exigir subsídios quando nenhuma outra companhia aérea que
opera as rotas liberalizadas com o continente os tem, nomeadamente a
SATA e a TAP", apontou.O deputado do BE/Açores frisou que o Governo Regional "não deve pagar um cêntimo para que a empresa fique"."Este
é o Governo que queria acabar com a subsidiodependência. Mas é o mesmo
governo que mantém e quer alargar subsídios à multimilionária Ryanair. É
para o Bloco inadmissível que o Governo se ajoelhe perante a Ryanair e
aceite negociar", sustentou.O Bloco
pretende ainda conhecer as propostas da Ryanair e as contrapropostas do
Governo Regional no âmbito da negociação, em curso, com a empresa."Sem
SATA Internacional - privatizada e até desmantelada como prevê o
caderno de encargos, com uma TAP privada, os Açores ficarão nas mãos
destes e de outros piratas do ar que poderão extorquir dos açorianos e
açorianas milhões dos seus impostos para continuarem a ter ligações com o
exterior", disse António Lima. A Lusa tentou, sem sucesso, obter uma reação junto da Ryanair.