BE/Açores acusa Governo de “esconder” proposta de revisão do subsídio de mobilidade
18 de out. de 2019, 05:58
— Lusa/AO Online
“Há quase dois
anos que os Governo Regional e da República constituíram um grupo de
trabalho para rever o modelo de atribuição do subsídio de mobilidade.
Por variadíssimas vezes o Bloco questionou, neste parlamento, o
executivo açoriano acerca das negociações em curso e sobre as propostas
apresentadas em sede do referido grupo de trabalho. Nunca obtivemos
respostas claras", disse o parlamentar.António
Lima falava no parlamento dos Açores, na Horta, ilha do Faial durante a
apresentação da proposta do BE para criação de uma comissão eventual
para acompanhamento da revisão do Subsídio Social de Mobilidade.A proposta foi chumbada pela maioria socialista, que defendeu o acompanhamento deste processo em sede da Comissão de Economia.Nos
Açores, o modelo de subsídio de mobilidade define que, nas viagens
entre a região e o continente, haja reembolso para os residentes no
arquipélago no montante entre a diferença do bilhete comprado e o valor
máximo de 134 euros por viagem de ida e volta.Para viagens entre os Açores e a Madeira, o montante em causa é de 119 euros.A
proposta do Bloco defendia, entre outras medidas, que a criação da
comissão eventual avaliasse a aplicação do Subsídio Social de Mobilidade
e obtivesse “todos os dados relevantes”, entre os quais o custo total
suportado com esta medida desagregado por rota e por companhia aérea.O
vice-presidente da bancada socialista, José Ávila, considerou que deve
ser a Comissão de Economia a acompanhar “a par e passo” o processo de
revisão, devendo esta reunir em audições trimestrais com o membro do
Governo dos Açores com a tutela dos transportes, solicitar “documentos
relevantes”, bem como promover “outras diligências que entenda
desenvolver".Para aquele deputado
socialista, “nenhuma revisão pode colocar em causa o direito à
mobilidade das açorianas e dos açorianos”, ou “priorizar questões
económicas e financeiras face a direitos fundamentais", nem pode ser
“concretizada contra os Açores”.O
parlamentar monárquico Paulo Estevão acusou o Governo Regional de
“menorização do parlamento açoriano”, promovendo um “truquezinho” ao
apresentar uma proposta alternativa para "anular a iniciativa do
BE/Açores", de forma que o tema “não seja escrutinado" e "surja
menorizado”.Segundo o deputado do
PPM/Açores, o primeiro-ministro António Costa, que é o “vilão desta
história”, é “apresentado como se fosse o pai Natal”, querendo
“livrar-se do problema e da despesa" do subsídio de mobilidade,
"remetendo para o Governo Regional as faturas e despesas".A
deputada centrista Catarina Cabeceiras disse que o “CDS-PP e todos os
açorianos estão preocupados com palavras de António Costa” sobre esta
matéria, sendo necessário fiscalizar todo o processo de revisão, mas
através da Comissão de Economia, como sugere o PS. Para
o social-democrata António Viveiros, “não há qualquer informação
oficial” sobre o dossiê e "o que se sabe é pela comunicação social”,
enquanto na perspetiva do deputado comunista João Corvelo “não se
compreende nem a razão nem o objetivo da falta de reflexão”.“É
urgente que este assunto saia do segredos dos gabinetes. Faz muito mais
sentido uma comissão eventual com todas as forças políticas e o âmbito
de atuação da proposta do BE”, declarou.O
secretário regional Adjunto da Presidência para os Assuntos
Parlamentares, Berto Messias, considerou que o Governo dos Açores já se
pronunciou sobre o assunto “por várias vezes”, reafirmando que “qualquer
revisão não pode pôr em causa o princípio da mobilidade nem onerar as
famílias açorianas”.Para o membro do
executivo, a sugestão de criação de uma comissão eventual para
acompanhar o dossiê da mobilidade seria um “exercício de menorização de
uma comissão do parlamento”, a da Economia, defendendo que o hemiciclo
deve acompanhar de perto esta matéria.O
governante manifestou disponibilidade para fornecer informação aos
deputados e desafiou todos os partidos a dizerem o que pretendem na
revisão do subsídio de mobilidade.