BE acompanha queixa contra incineradora e quer mudar legislação açoriana
5 de fev. de 2021, 13:41
— Lusa/AO Online
Depois
de se reunir com a associação ambientalista ARTAC, o líder do
BE/Açores, António Lima, anunciou que “o Bloco de Esquerda irá, no
Parlamento Europeu, acompanhar o desenvolvimento desta queixa, para que
ela seja respondida pela Comissão Europeia com brevidade e celeridade”.O
movimento “Salvar a Ilha”, representado pelas associações
ambientalistas ARTAC, Amigos dos Açores, Zero e pelo núcleo de São
Miguel da Quercus, anunciou na quinta-feira que "apelou à Comissão
Europeia para travar o projeto da incineradora da MUSAMI, dado que irá
impedir o cumprimento das metas de reciclagem na ilha de São Miguel e na
própria Região Autónoma dos Açores".Para a estrutura regional do Bloco de Esquerda, “é necessário alterar a legislação de impacto ambiental na região”.“Este
projeto, que tem um estudo de impacto ambiental de 2011, tem esse
estudo ainda válido, porque a legislação de [avaliação] de
impacto ambiental não exige um novo estudo nesta altura. É inconcebível
que a legislação de impacto ambiental não exija um novo estudo, tendo em
conta as alterações que ocorreram”, prosseguiu o deputado regional, em
Ponta Delgada.Por isso, “o Bloco de
Esquerda vai estudar uma alteração cirúrgica, a esta legislação, de modo
a que esta falha, que é uma falha grave, possa ser corrigida no
imediato”.António Lima informou ainda que o
partido vai apresentar no parlamento açoriano uma recomendação ao
Governo Regional para que este “procure soluções que permitam não
construir a incineradora da ilha de São Miguel”, em negociação com as
associações de municípios das ilhas de São Miguel e Terceira, e com as
empresas municipais de gestão de resíduos.O
líder parlamentar bloquista afirmou estar preocupado, “porque há várias
pessoas que integram o governo que se manifestaram contra o projeto, há
partidos que integram o governo que já se manifestaram, aliás, até
entregando processos em tribunal contra o projeto, mas, afinal, quando
vão para o governo, desistem dessa contestação e aceitam a continuação
do projeto”.“É um sinal de que os
interesses deste projeto valem mais do que até a coerência de quem, até
há alguns meses, lutou contra ele e que agora, afinal, parece que o
apoia”, defendeu.A construção de uma incineradora em São Miguel tem causado contestação ao longo dos anos.Em
2016, a Associação de Municípios da Ilha de São Miguel (AMISM) decidiu,
por unanimidade, avançar com a construção da incineradora de resíduos,
orçada em cerca de 60 milhões de euros.Além
da contestação por parte de associações ambientalistas, o concurso para
a construção da incineradora na maior ilha dos Açores esteve sob alçada
da Justiça devido a queixas por parte de um dos concorrentes, a empresa
Termomeccanica, que foi excluída em detrimento do consórcio luso-alemão
formado pela CME e pela Steinmüller Babcock Environment.Em
outubro de 2019, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Ponta Delgada
decidiu anular a adjudicação da construção da incineradora ao consórcio
CME/Steinmuller Babcok Environment, por parte da MUSAMI – Operações
Municipais do Ambiente.Em dezembro desse
ano, os seis municípios de São Miguel decidiram avançar com um novo
concurso para a construção da incineradora, com menos 30% da capacidade
inicialmente prevista.A abertura de
concurso público internacional foi publicada em Diário da República em
30 de março de 2020, com um preço base de 58 milhões de euros.Em
julho de 2020, foi interposta por Paulo Estêvão, líder do PPM, uma ação
contra o empreendimento no Tribunal Administrativo e Fiscal de Ponta
Delgada, a que o movimento "Salvar a Ilha" se associou, que foi
rejeitada devido a um erro processual.O
projeto foi, entretanto, aprovado pela União Europeia, anunciou o
ministro do Ambiente e Ação Climática, João Matos Fernandes, numa visita
a São Miguel, em agosto de 2020.