Batalhão parte para o Kosovo para render militares portugueses
O 2º Batalhão de Infantaria parte hoje para Pristina, onde vai render o contingente português que completou a sua missão de seis meses no Kosovo.

Autor: Lusa/AO
Os 200 militares que partem esta manhã do aeroporto do Figo Maduro vão juntar-se a um primeiro grupo avançado de 40 homens do Batalhão que se encontra desde há dez dias na capital do Kosovo a fim de preparar a renovação da presença portuguesa na KFOR.

    O 2º Batalhão de Infantaria , do regimento de Infantaria 14, de Viseu, vai render o 2º Batalhão da Infantaria Mecanizado (2º BIMec) na missão de “reserva táctica” do Comando da KFOR com uma função de força de intervenção, pronta a actuar em qualquer ponto crítico do território da província.

    A cerimónia da rendição do contingente português está aprazada para a manhã do dia seguinte, sábado, na parada da base de Slim Lines, nos arredores de Pristina, onde o contingente português ficará instalado.

    Parte do batalhão que se prepara para concluir a sua missão no Kosovo regressa ainda amanhã a Portugal, e o resto do Batalhão partirá de Pristina no próximo dia 21 a bordo de um C-130.

    A menos de três meses do prazo limite estabelecido pelas Nações Unidas para uma última tentativa de se chegar a um acordo entre o Governo de Belgrado e a liderança albanesa kosovar, e a escassos dois meses de eleições legislativas no Kosovo, o 2º Batalhão de Infantaria terá pela frente uma missão que se anuncia delicada e de particular responsabilidade.

    Os homens do 2º Batalhão de Infantaria vão assim provavelmente confrontar-se com a fase crítica da definição do estatuto final do território - fase que parecia já à beira de se precipitar há seis meses, e que foi entretanto protelada pela nova ronda de negociações tuteladas por um troika diplomática, espécie de antena do Grupo de Contacto constituída por representantes dos Estados Unidos, da Rússia e da União Europeia.

    O aproximar das eleições legislativas e municipais aprazadas pela UNMIK (a Administração das Nações Unidas) está já a reflectir-se num crescendo da agitação política no Kosovo e na multiplicação de manifestações em Pristina.

    O período de duas semanas de campanha para as legislativas e municipais de 17 de Novembro anuncia-se particularmente crítico, já que levará inevitavelmente a uma acentuada radicalização do discurso político das lideranças albanesas.

    A KFOR está a preparar um reforço do dispositivo e das acções de prevenção para esse período, aprestando-se a reagir por antecipação e de forma dissuasora a qualquer ameaça de “derrapagem” da situação. Uma acção em que o contingente português, na condição de “reserva táctica” do comando da KFOR , será decerto chamado a um papel de primeira linha.

    Recorde-se que o período eleitoral vai decorrer “em cima” da ponta final da derradeira tentativa de acordo negocial, e já no horizonte do 28 de Novembro, dia nacional da Albânia e data anunciada pela liderança albanesa do Kosovo para a proclamação unilateral da independência do território.

    A KFOR está a preparar esse período crítico com base em quatro grandes cenários, que vão de um improvável acordo coroado por uma resolução do Conselho de Segurança das Nações a Unidas, à proclamação da independência sob o controlo reconhecida por uma parte substancial comunidade internacional, a proclamação unilateral fora de qualquer controlo internacional, e, enfim, a em eventual arrastar das negociações - cenário que a liderança albanesa rejeita categoricamente.

    A delicadeza da missão e o rigor com que a KFOR se preparar para enfrentar uma fase que se prevê crucial obrigou a uma preparação particularmente aturada da missão do 2º Batalhão de Infantaria.

    Ao longo dos últimos meses os homens do 2º Batalhão de Infantaria cumpriram um rigoroso programa de treino operacional, completado com sessões de esclarecimento sobre a situação no teatro. Um grupo de oficiais do Batalhão cumpriu já em Junho um estágio operacional destinado a familiarizar-se com o teatro do Kosovo

    A preparação da força vai agora prosseguir já no território, numa fase de familiarização com o teatro operacional, e que incluirá acções de reconhecimento e operações com forças helitransportadas e treino de controlo de tumultos - uma vertente que está a merecer particular atenção na KFOR.

    A preparação prosseguirá depois em pleno teatro de acção a nível do treino de actuação em cenários de agitação, confrontos ou manifestações violentas, das acções de intelligence e dos planos de contingência elaborados para a eventualidade de uma sério agravamento da situação de segurança no terreno.