Bastonária dos enfermeiros quer acabar com estágios nos Açores até final do ano
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros defendeu hoje que o Governo dos Açores deve acabar, até ao final do ano, com estágios para os profissionais da classe, ao abrigo do programa Estagiar L, que considera ilegais.

Autor: Lusa/AO Online

“As vagas para os enfermeiros abrem em janeiro de 2017 e não queremos que abra o próximo Estagiar L para os profissionais da classe. É uma solução que nos parece de bom senso. Até ao final do ano resolve-se a situação e o estágio já não abre para os enfermeiros”, declarou Ana Rita Cavaco aos jornalistas, na sequência de uma visita ao hospital de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.

A bastonária, que hoje termina uma visita à região, disse que cabe à Ordem dos Enfermeiros definir ou não se existem estágios profissionais após o curso de enfermagem, acrescentando que este “já está estabelecido de uma determinada forma em que 50% é prática e, os restantes 50%, teoria”.

“Se houvesse necessidade de introduzir um estágio, a Ordem dos Enfermeiros diria. Não o fez, portanto não vai permitir a nenhum governo, seja o Governo Regional dos Açores ou outro qualquer, que imponha um estágio”, afirmou a responsável.

Ana Cavaco frisou que, para os enfermeiros, “esta situação não é legal”, sustentando que a Ordem “não autoriza nem definiu no seu estatuto que exista um período de introdução ou de estágio profissional, muito menos de dois anos, que é aquilo que está previsto”.

“Há regras e não podemos ter uma visão limitada que é preferível ter enfermeiros a estagiar e a ganhar 700 euros do que não ter nenhuns. O Governo quer ficar o ónus de não contratar enfermeiros para salvaguardar a vida da sua população? Creio que não”, disse.

Citado pelo gabinete de imprensa do executivo açoriano, o secretário regional da Saúde, Luís Cabral, disse no domingo não reconhecer qualquer ilegalidade na gestão do programa Estagiar L para enfermeiros, salientando “ser uma boa forma dos recém-licenciados terem um primeiro contacto com a profissão”.

Luís Cabral defendeu que os programas de estágio dão aos enfermeiros “a possibilidade de terem já alguma experiência profissional quando se candidatarem ao primeiro emprego”.

O governante adiantou que em 2015 o Serviço Regional de Saúde admitiu 71 novos enfermeiros e que está prevista a abertura de um total de 136 vagas este ano.