Autor: Lusa/AO Online
"Não era possível esperar pelo dia 1, mas se esperássemos e entrasse em funcionamento o Mecanismo Europeu de Supervisão, os contornos da resolução seriam muito mais penalizadores do ponto de vista da segurança dos depósitos e do ponto de vista sistémico", disse Carlos Costa, no parlamento.
O governador, que esteve esta tarde a ser ouvido na Comissão do Orçamento no âmbito do colapso do Banif, assinalou que, "entre dezembro de 2014 e o ano de 2015, a perda de depósitos foi da ordem dos 700 milhões de euros".
Carlos Costa disse que só na semana que antecedeu a resolução, anunciada a 20 de dezembro, o Banif perdeu 960 milhões de euros em depósitos.
Para Carlos Costa, "enquanto não houver um fundo de resolução suficientemente capitalizado - porque o dilema é sempre afetar a segurança do sistema ou chamar o contribuinte - no novo contexto, é mais provável que seja menos chamado o contribuinte e mais posta em causa a sustentabilidade do sistema".
As declarações de Carlos Costa surgem em resposta às perguntas colocadas pelo deputado socialista João Galamba, que questionou: "Não era possível esperar pelo dia 1 de janeiro de 2016 para fazer a resolução? E quando começou a perda de depósitos? Foi anterior à notícia da TVI [sobre o fecho do Banif]?".
A 20 de dezembro o Governo e o Banco de Portugal anunciaram a resolução do Banif, com a venda de parte da atividade bancária ao Santander Totta, por 150 milhões de euros, e a transferência de outros ativos - incluindo ‘tóxicos' - para a nova sociedade veículo.
A resolução foi acompanhada de um apoio público de 2255 milhões de euros, sendo que 1766 milhões de euros saem diretamente do Estado e 489 milhões do Fundo de Resolução bancário, que consolida nas contas públicas.
No total, e tendo em conta os valores até agora conhecidos e retirando o valor pago pelo Santander Totta, o resgate ao Banif pode custar ao Estado - e, logo, aos contribuintes - até 3700 milhões de euros.