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Banhos Férreos nas Furnas encerrados há uma década

Os Banhos Férreos, na freguesia das Furnas, estão encerrados desde 2015, depois de a água da piscina ter sido considerada imprópria. O espaço foi entretanto concessionado e transformado em restaurante, decisão que tem sido alvo de contestação


Autor: Carlota Pimentel

Os Banhos Férreos, nas Furnas, encontram-se encerrados desde novembro de 2015, depois de se ter verificado que a água da piscina estava contaminada. O edifício foi entretanto transformado em restaurante e a área envolvente em parque de estacionamento, situação que tem sido contestada por alguns.

“Entre 1996 e 2015, tudo funcionou com normalidade, mas sob concessão para um privado, a 15 de novembro de 2015, a água da piscina foi encontrada contaminada”, afirmou Antero Oliveira, natural das Furnas e emigrante nos Estados Unidos da América desde os 17 anos.

Segundo disse ao Açoriano Oriental, “fecharam a piscina sem nenhuma investigação e o edifício foi transformado em restaurante, e os arredores em parque de estacionamento”. Acrescentou que “até à data, não foi averiguado de que forma esta contaminação da água ocorreu”, tendo o edifício sido “imediatamente transformado em restaurante”.

Antero Oliveira referiu ainda que “nessa altura, o INOVA fez análises à água de nascente e declarou que a água não estava contaminada, somente a água da piscina”.

“Não consinto que um sítio daqueles esteja dentro de um restaurante, porque pode-se abrir um restaurante noutro sítio qualquer”, realçou. 

Desde 2015 que Antero Oliveira tem procurado reverter a situação, pedindo que a decisão de encerramento seja reavaliada. 

“Em 1996, a minha mãe deu autorização à Câmara da Povoação para o uso de parte do seu/meu terreno, para embelezar a área para fins turísticos. Como esse terreno foi cedido para fins turísticos e agora não é, quero resolver esse assunto o mais breve possível, visto que atualmente tudo indica que nunca mais será retomado o plano original”, explicou.

E prosseguiu: “Os governos de Vasco Cordeiro e José Manuel Bolieiro têm sido informados para avaliação e investigação, mas até à data nada tem sido feito. O jogo do empurra continua”. 

O residente das Furnas sustenta ainda que “essa água de nascente está a ser desviada para um privado”.

Ao Açoriano Oriental, a Junta de Freguesia das Furnas afirmou não ter conhecimento de qualquer desvio de água da nascente para fins privados.

Questionada sobre a concessão, elucidou que a Junta de Freguesia das Furnas é a responsável pelo contrato do espaço onde funciona o restaurante Banhos Férreos. O contrato tem a duração de 25 anos, entre 1 de setembro de 2007 e 31 de julho de 2032. 

De acordo com os termos, “o concessionário obriga-se a deixar o local/estruturas exatamente igual à forma original”, ficando também responsável pela conservação do edifício.

Quanto ao encerramento das piscinas termais, a Junta recorda que “foram encerradas por ordem do Delegado de Saúde do Concelho da Povoação a 25/11/2015”.

Por sua vez, o Instituto de Inovação Tecnológica dos Açores (INOVA) revela que realizou análises em 2015, que concluíram que apenas a água da piscina estava contaminada, não a da nascente.

João Carlos Nunes, diretor Científico do INOVA, explicou que “na altura, a piscina não estava em condições, ou seja, não tinha a qualidade necessária para poder ser aberta ao público”, salvaguardando que, porém, “a água na captação sempre esteve em condições, sempre esteve bacteriologicamente adequada”.

Sobre a origem da contaminação, exemplificou: “Qualquer pessoa podia tomar banho na piscina. É um pouco como a nossa banheira de casa. Quando acabamos de tomar banho, a água está turva, porque transpiramos, temos partículas de pele que se soltam. Na piscina pública são várias pessoas e é isso que leva, por vezes, a que a água fique imprópria para ser usada”.

Apesar de salientar que “as águas minerais não podem ser tratadas com químicos”, indicou que devem ser feitos “procedimentos de higienização dos espaços, a começar pela piscina”, ou seja, esvaziar e limpar a piscina com frequência.

Sobre a decisão de encerrar a piscina e optar por dar outro uso ao espaço, João Carlos Nunes disse que o INOVA “não tinha essa responsabilidade”, limitando-se a efetuar análises para avaliar a qualidade da água. 

Contactado pelo Açoriano Oriental, Manuel Oliveira, responsável pelo restaurante Banhos Férreos, não quis prestar declarações.