Banco de Portugal considera “alcançável” défice de 7% este ano
6 de out. de 2020, 16:49
— Lusa/AO Online
“Apesar
da incerteza relativa aos desenvolvimentos orçamentais, o objetivo de
défice orçamental para 2020 de 7,0% do PIB afigura-se alcançável”,
afirma a entidade liderada por Mário Centeno no relatório hoje
divulgado.O Governo esteve hoje a
apresentar aos partidos as linhas gerais da proposta de Orçamento do
Estado para 2021 (OE2021), em que incluiu uma previsão do défice entre
7% e 8% do PIB, segundo o PAN e o CDS-PP.Ainda
segundo o Boletim Económico do Banco de Portugal, o saldo orçamental é
impactado quer pela crise provocada pela pandemia de covid-19 quer pelas
medidas tomadas pelo Governo para a combater. No primeiro semestre, as
medidas tiveram um impacto de 1,8% do PIB no saldo e no conjunto do ano o
impacto deverá ascender a cerca de 3% do PIB.Na
conferência de imprensa em que apresentou o Boletim Económico, o
governador do Banco de Portugal, Mário Centeno (tomou posse em julho),
deixou elogios às medidas tomadas pelas autoridades (nacionais e
europeias) aquando do início da crise desencadeada pela covid-19, altura
em que era ministro das Finanças do atual Governo."A
resposta das autoridades à crise foi célere", afirmou, acrescentando
que “todas as autoridades reagiram em simultâneo e de forma coordenada”.
No total, disse, a resposta europeia atingiu os seis biliões de euros.A nível nacional, acrescentou, a resposta centrou-se no apoio às famílias e às empresas.“Tentámos
proteger a economia da queda significativa que enfrentámos, daí que
muitas medidas serviram de paraquedas, mas tentámos também, em conjunto
com todas das autoridades, dar a tónica para a recuperação”, afirmou. Segundo
Centeno, o 'lay-off' simplificado foi "uma das medidas mais eficazes”,
evitando uma queda maior do emprego e citou um inquérito do Banco de
Portugal e do Instituto Nacional de Estatística (INE) às empresas nas
semanas mais agudas da crise sanitária, referindo que esse estudo
conclui que a queda do emprego teria sido de quase 20% sem o 'lay-off'
simplificado e que devido a essa medida a redução no emprego ficou
próxima de 7%. “O 'lay off' evitou a
destruição maciça de emprego”, afirmou, acrescentando que também as
motatórias bancárias permitem a empresas e famílias acesso a “liquidez
que de outra forma nao estaria disponível”.Segundo Centeno, quase 300 mil famílias e 22% das empresas não financeiras têm créditos com moratórias.Entre
as medidas com impacto financeiro, Centeno falou ainda das linhas de
crédito com garantia de Estado, referindo que 26% das empresas com
crédito acederam a estas linhas.Ainda
assim, afirmou, no primeiro semestre deste ano houve em termos homólogos
"quedas inéditas" quer do PIB (9,4%) quer do Valor Acrescentado Bruto
(VAB, 8,8%), referindo que no caso do VAB a queda foi concentrada nos
setores de comércio, alojamento e restauração.