Banco Alimentar recolhe quase 2.300 toneladas de alimentos nos últimos três dias
4 de dez. de 2023, 13:15
— Lusa/AO Online
Num
comunicado, a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome
(FPBACF) revelou que recolheu mais de 2.292 toneladas de géneros
alimentares nos 21 bancos espalhados pelo país, em comparação com 2.098
toneladas na campanha de 2022.“A campanha
correu muito bem. Tivemos muitos voluntários e uma grande adesão de quem
foi às compras. Mais uma vez os portugueses mostraram uma grande
solidariedade, seja através da doação de tempo quer seja de alimentos”,
afirmou à Lusa a presidente da FPBACF, Isabel Jonet.Cerca
de 40 mil voluntários tornaram possível a campanha que decorreu entre
sexta-feira e domingo, sob o mote "A sua ajuda pode ser o que falta à
mesa de uma família".Isabel Jonet saudou o
empenho dos voluntários, “pessoas muito diferentes que querem estar
lado a lado a contribuir para uma mesma causa”.“Há
muita malta jovem, escuteiros, guias, mas também escolas e empresas que
promovem ações de voluntariado, mas também pessoas que aparecerem em
nome individual”, disse, acrescentando que há “pessoas de todas as
idades, convicções e até diferentes clubes de futebol”.Nos dois primeiros dias tinham sido recolhidas 1.555 toneladas de géneros alimentares.A
presidente do FPBACF lembrou que há cada vez mais gente a atravessar
sérias dificuldades financeiras: “Quando as pessoas pedem ajuda para
comer é quando já se esgotaram todos os outros pedidos de ajuda. Não é
fácil pedir ajuda para comer”.“Existem
cerca de dois milhões de pessoas que vivem com menos de 591 euros por
mês”, sublinhou Isabel Jonet, lembrando que metade destas pessoas “vive
com menos de 224 euros”.No ano passado,
17% das pessoas em Portugal estavam em risco de pobreza (mais 0,6 pontos
percentuais do que no ano passado), segundo dados divulgados
recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística.Além
destes casos, identificados nas estatísticas, existem muitas outras
situações, como “jovens casais com crianças”, que trabalham, têm
rendimentos superiores, mas “não conseguem pagar as contas”, alertou
Isabel Jonet, dando exemplos de famílias que “viram o empréstimo da casa
aumentar quatro vezes”.“Nós vimos cair em
situação de pobreza pessoas que nunca imaginaram estar nesta situação”,
lamentou, explicando que há cada vez mais gente a usufruir do trabalho
dos bancos alimentares.Em regra, o Banco
Alimentar promove duas campanhas por ano que se destinam a angariar
alimentos básicos para pessoas carenciadas, como leite, arroz, massas,
óleo, azeite, grão, feijão, atum, salsichas, bolachas e cereais de
pequeno-almoço.Os bens entregues aos
voluntários à saída dos supermercados foram encaminhados para os
diversos armazéns do Banco Alimentar, onde são separados e
acondicionados.Os géneros alimentares
recolhidos serão distribuídos, a partir desta semana, a 2.600
instituições de solidariedade social, que os entregam a cerca de 400 mil
pessoas com carências alimentares comprovadas, sob a forma de cabazes
ou de refeições confecionadas.