Balcões da Inclusão deviam estar disponíveis em todos os municípios apela autarquia
11 de nov. de 2024, 09:45
— Rafael Dutra
Foi durante o debate “Desafios e oportunidades para a inclusão das
pessoas com deficiência visual na ilha de São Miguel” promovido ontem
pela delegação dos Açores da Associação dos Cegos e Amblíopes de
Portugal (ACAPO), que a vereadora municipal de Ponta Delgada, Cristina
Canto Tavares, apelou aos restantes municípios que sigam os passos da
autarquia de Ponta Delgada que a 3 de dezembro de 2022 inaugurou o
Balcão da Inclusão.“O apelo é para que todas as outras entidades
sigam estes passos, que passam sobretudo por capacitar os profissionais
que trabalham diariamente com este público”, afirmou Cristina Canto
Tavares, na ocasião, referindo que se trata de “garantir que existe um
atendimento específico direcionado para estas pessoas, num espaço que
também tem que ser todo ele adaptado”.E acrescenta: “O desafio não é
só da capacitação dos recursos humanos, é também garantir que este
Balcão da Inclusão tenha as condições, as rampas de acesso os próprios
balcões onde disponibilizamos a informação”.A vereadora, que neste
evento realçou a crescente procura destes serviços - até à data, no
presente ano, já foi dado apoio a mais de três dezenas de pessoas com
deficiência visual, através dos técnicos municipais, que foram formados
pelo Instituto Nacional para a Reabilitação - salientou que espera que
os outros municípios sigam este caminho em prol da inclusão, que, na sua
perspetiva, “é um caminho longo, mas necessário”.Em declarações aos
jornalistas sobre os desafios das pessoas com deficiência visual, a
presidente da Mesa da Assembleia Geral da Delegação dos Açores da ACAPO
reforçou que continuam a existir problemáticas para além da
acessibilidade, as estruturas físicas ou da adequação dessas estruturas a
quem tem limitações para se deslocar.“Continuamos sempre com os
dilemas do emprego, educação, do acesso a um conjunto de informação que,
por falhas na comunicação, acaba por ficar prejudicado. As nossas
questões acabam por ser sempre as mesmas, pese embora não estejamos num
nível tão elevado de penalização como estávamos antes”, assinala Ana
Catarina Gomes.Não obstante, a representante da delegação dos Açores
da ACAPO indica que estes momentos de debate e reflexão, bem como as
parcerias realizadas, e o “estreitamento destes relacionamentos com as
estruturas locais” permite “caminhar noutro sentido, no sentido da vida
independente, aquilo que nós alvejámos”.Relativamente à participação
dos associados da ACAPO neste tipo de debate, onde podem falar sobre as
suas necessidades e reivindicações, Ana Catarina Gomes diz que são
momentos positivos que “influenciam e de que maneira” esta comunidade.“Aquilo
que conseguimos sempre fazer é uma conquista nossa, para que as pessoas
recebam informação num sítio confortável, para que possam, fora das
nossas portas, exercer os seus direitos de uma forma mais informada e
beneficiar daquilo que é a oferta do poder local, do poder regional,
aquilo que é necessário para que possam viver de forma independente, ser
cidadãos de pleno direito, como os demais”, sustentou.Questionada
sobre a ausência dos restantes municípios de São Miguel, que não
compareceram ao evento, Ana Catarina Gomes diz que a ACAPO não se
desmotiva tão facilmente.“[A ACAPO] vai continuar e sobretudo vai
reforçar a sua presença junto do poder local, porque acreditamos que
isto é um sinal claro de que somos muito necessários. O nosso trabalho é
muito relevante e se não está a chegar a todos os sítios da mesma
forma, também temos responsabilidades nisso, mas também chamaremos
outras entidades às suas responsabilidades certamente”, frisou.Por
sua vez, a vogal do Conselho Diretivo do Instituto da Segurança Social
dos Açores (ISSA), Tânia Fonseca, que esteve no evento em representação
do Governo Regional dos Açores, anunciou que o ISSA irá, de forma
faseada, ao longo dos próximos três a quatro anos formar os
trabalhadores da Segurança Social e adaptar os seus balcões para a
inclusão, em todas as ilhas do arquipélago, de forma a oferecer a melhor
resposta possível aos cidadãos açorianos com deficiências.