O consórcio, que reúne empresas e investigadores para transformar lixo
marinho e algas infestantes recolhidos nos Açores em fios, telas ou
membranas, organiza amanhã, dia 7 de dezembro, pelas 15h00, uma
conferência internacional na cidade do Porto para apresentar as
primeiras conclusões do projeto Azores EcoBlue.Liderado pela empresa
Circular Blue, detentora da marca Nieta Atelier da arquiteta
terceirense Nieta da Ponte Rocha, o projeto foi apresentado em abril
deste ano e, ao longo de dois anos, compromete-se a “recolher 40
toneladas de lixo encontrado na nossa orla costeira, proveniente da
atividade piscatória”.Segundo a arquiteta e empresária, neste
momento, “acabámos de lançar um artigo científico sobre a alga
infestante identificada nos Açores, uma vez que já estamos a
desenvolver estudos no sentido criar fibras e fios, com muitos dados
recolhidos”.Já na recolha de lixo da atividade piscatória, Nieta da
Ponte Rocha afirma que foram identificadas “duas percentagens muito
elevadas relativas às sedas e aos cabos dos pescadores”, sendo que,
“automaticamente, essas amostras estão a ser alvo de testes mecânicos e
químicos com vista à sua utilização numa membrana de uma tela que será
utilizada em construção”.Nieta da Ponte Rocha explica que o objetivo
final do projeto passa por “ter uma eco-cabana construída num terreno
na ilha Terceira, com todos os elementos desenvolvidos, quer seja das
fibras, dos fios, da tela do isolamento térmico, da coleção têxtil e da
coleção para exterior”.“A cabana será construída a partir de pedaços
de barcos desativados, mobiliário, membranas e telas que já estão em
fase de ensaio destas sedas e cordas retiradas do mar, fios feitos à
base das algas infestantes, até mesmo isolamento acústico será
contemplado com estes materiais”, destaca a empresária terceirense.Na
conferência que será organizada amanhã, na cidade do Porto, o consórcio
pretende apresentar já a maquete em três dimensões da eco-cabana,
apesar de Nieta da Ponte Rocha realçar que se trata “apenas um modelo,
porque vai sofrendo alterações consoante as nossas análises científicas,
térmicas, acústicas e conforme os materiais que vamos desenvolvendo”.Segundo
a empresária, o objetivo da conferência passa por fazer “um ponto de
situação do trabalho desenvolvido nos últimos sete meses” e contar com a
participação de “várias universidades internacionais que estão a
colaborar connosco para fazerem um comentário acerca dos projetos já
trabalhados”. “Em apenas sete meses, já estamos muito adiantados a
nível de investigação e de prototipagem, o que nos faz ficar muito
satisfeitos com o desenrolar do projeto. O nosso consórcio tem
colaborado imenso, vamos lançar este mês a plataforma do projeto que
será de dados estatísticos e do lixo recolhido e identificado e ainda
das nossas atividades. Achamos que estamos no bom caminho para executar o
projeto”, conclui Nieta da Ponte Rocha.De referir que o consórcio
liderado pela Circular Blue integra ainda o Terinov, o Okeanos, a
Universidade do Minho, a empresa Visual Thinking, o Centro Internacional
de Investigação do Atlântico (Air Centre), a Associação Empresarial de
Portugal (AEP) e o Centro de Inovação da Islândia.Financiado pelo
EEA Grants e pela Direção-Geral de Política do Mar, o projeto orçado em
cerca de 680 mil euros será desenvolvido até 2024.A ação de recolha
de lixo marinho na Região tem sido realizada no porto de São Mateus na
Terceira, estando também previstas atividades no porto de Rabo de Peixe
em São Miguel e no Porto Pim no Faial.O projeto tem contado com a
colaboração do Governo Regional que, através da Secretaria Regional do
Ambiente e das Alterações Climáticas, já forneceu uma tonelada de algas
invasoras e, através da Secretaria Regional do Mar e das Pescas,
contribuiu com “duas ou três toneladas de cabos e cordas”, adianta Nieta
da Ponte Rocha.“Também já fizemos intervenções, em conjunto com
associações, em orlas costeiras na recolha de materiais, junto também
dos pescadores no sentido de dar já uma pré-formação sobre as boas
práticas na pesca e de que forma é que podem reduzir esse lixo”, revela
ainda a empresária.