Azeredo Lopes diz em tribunal que PGR não o alertou para atuação paralela da PJM
Tancos
17 de nov. de 2020, 18:50
— Lusa/AO Online
Azeredo
Lopes respondia no julgamento do processo de Tancos, que decorre em
Santarém, tendo reiterado que a sua “implicação” no caso do achamento
das armas furtadas dos paióis de Tancos é “esmagadoramente política” e
que “nunca, por parte de quem tinha a coordenação da investigação, me
foi dito que algo estava a correr menos bem”.“Nunca
soube [antes de 18 de outubro de 2017] de qualquer investigação
paralela por parte da Polícia Judiciária Militar. A senhora
procuradora-geral da República, como coordenação da investigação, nunca
se queixou. Aliás, depois do despacho até julgo que a PJM podia
participar na investigação, levar a cabo diligências porque tinha um
papel de colaboração institucional”, afirmou. O
ex-governante negou, mais uma vez, ter conhecimento ou ter autorizado a
realização de uma investigação paralela da PJM ao arrepio da decisão da
PGR, tornada pública por despacho, questionando que interesse pessoal
ou institucional tinha nessa decisão.Sobre
o furto das armas, ocorrido em 28 de junho de 2017, Azeredo Lopes negou
que se tivesse sentido “humilhado, incomodado ou afrontado” com o crime
cometido, sentimentos que, para a acusação, poderiam ser motivos
suficientes para encobrir as ações da PJM. “Felizmente
tenho mais com que me afrontar. A construção [da acusação] é uma
efabulação. A ideia de um ministro humilhado, afrontado só serve para
explicar a narrativa”, afirmou Azeredo Lopes, considerando que o crime
ocorrido nos paióis “nem direta nem indiretamente lhe dizia respeito”. O
arguido disse ainda que, ao longo do tempo, desde o furto em junho de
2017 foi ficando “cada vez menos preocupado” com a segurança nacional,
porque lhe tinham garantido que o material furtado mais perigoso “estava
obsoleto” e que “se fosse manuseado podia até causar a morte a quem o
manuseava”.Azeredo Lopes contou também que
o ex-diretor da Polícia Judiciária Militar e também arguido Luis Vieira
nunca lhe pediu para interferir nas competências de investigação,
tendo-lhe, contudo, manifestado o desagrado pelo facto de a PGR ter
entregado o papel principal da investigação à Polícia Judiciária (PJ),
passando a PJM a ter como função de “colaboração institucional”, negando
porém que o militar lhe tivesse pedido para interferir ou inverter a
situação. Dez arguidos respondem em
tribunal por associação criminosa, tráfico e mediação de armas e
terrorismo, por envolvimento no furto do armamento e os restantes 13,
entre eles Azeredo Lopes, dois elementos da PJM e vários militares da
GNR, sobre a encenação/encobrimento que esteve na base da recuperação do
material, na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017, numa
operação que envolveu a PJM, em colaboração com elementos da GNR de
Loulé.