Autor: Lusa/AO Online
“O Vulcão dos Capelinhos é monumental, é magnético, é o vulcão sobre o qual mais registos e memórias vivas existem e é aquele que mais transformou o destino dos açorianos”, explicou à agência Lusa, Gonçalo Tocha, da organização, para justificar as celebrações, que acontecem pelo quinto ano consecutivo.
O cineasta Gonçalo Tocha e a produtora Sophie Barbara criaram a AvistaVulcão: Casa da Missão no espaço que acolheu a missão científica dos Capelinhos em 1957 e 1958 e que juntou vários cientistas que se deslocaram ao Faial para estudar o vulcão.
A AvistaVulcão tem assinalado anualmente a erupção a partir de diferentes perspetivas, como a história da geógrafa Raquel Soeiro do Brito ou a vaga de emigração para a América.
“A AvistaVulcão, enquanto projeto com sede na antiga casa da missão que estudou o Vulcão dos Capelinhos, em contacto com a população local e inspirado pelo trabalho da professora Raquel Soeiro de Brito, toma esta celebração como uma missão cultural que nunca deve ser abandonada”, realçou Tocha.
Este ano, o programa inclui um roteiro cultural e a realização do trilho dos baleeiros com “diversas atividades culturais e artísticas”, como instalações, concertos, projeção de filmes e exposições, acompanhadas pela música da Fanfarra Artista Faialense.
Os vários momentos das atividades vão evocar a aldeia baleeira do Porto Comprido que desapareceu devido ao vulcão.
“É uma história única nos Açores de transumância insular. Ou seja, a existência de um lugar temporário onde baleeiros de todas as ilhas se juntavam durante seis meses, entre abril e setembro, para caçar baleias”, explicou Gonçalo Tocha.
O cineasta, autor de "Balaou" (2007), "É na Terra não É na Lua" (2011) e "A Mãe e o Mar" (2013), recorda que a aldeia criou uma comunidade que “terminou abruptamente” com o vulcão após cerca de 100 anos.
“Foram os baleeiros os primeiros a ver o vulcão a borbulhar no mar. É como se da baleia nascesse um vulcão. As cinzas enterraram a vida dessa aldeia para sempre”, disse.
Para Gonçalo Tocha, importa recordar as memórias da aldeia baleeira do Porto Comprido, que estava localizada no extremo oeste do Faial, tendo sido um ponto importante para a caça à baleia nos Açores.
“Esta história ainda está presente nalguns descendentes de baleeiros, crianças nessa altura que cresceram na aldeia e que olhando agora para trás tudo parece um mundo imaginário, mas extremamente vivo”, descreve.
A programação inclui a residência artística do coletivo belga TimeCircus, um concerto com músicos do Conservatório Regional da Horta na estreia mundial da peça “Whale Suíte”, uma obra composta por Florence Henry e Saar Van de Lest, e a projeção do filme “Os Homens da Baleia” (1956), de Mário Ruspoli, sobre aquela aldeia baleeira antes da erupção.
As
celebrações, que arrancam às 15h00, são organizadas pela AvistaVulcão
em parceria com Governo dos Açores, o Geoparque Açores, a junta de
freguesia do Capelo e a Associação Amigos do Farol dos Capelinhos.