Aval ao plano é "boa notícia, mas nada está conseguido", falta realizar
TAP
28 de dez. de 2021, 10:38
— Lusa/AO Online
"Foi uma boa
notícia. É uma notícia que dá tempo à TAP e a TAP precisa de tempo para
trilhar um caminho e para definir um rumo e o país precisa da TAP",
disse o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, à Lusa, lembrando que
é conhecida esta posição da associação, atualmente e, "em certa medida,
fora de moda, difícil de sustentar, pouco sexy". Mas,
sustenta, a APAVT "sabe bem o que é que representa o turismo para a
economia portuguesa", para o crescimento e "o que é necessário para a
economia portuguesa crescer". "Sei também muito bem qual é a necessidade e a dependência que o turismo tem da própria TAP", reforçou.A
Comissão Europeia informou na semana passada que aprovou o plano de
reestruturação da TAP e a ajuda estatal de 2.550 milhões de euros,
impondo que a companhia aérea disponibilize até 18 'slots' por dia no
aeroporto de Lisboa.Ainda
assim, Pedro Costa Ferreira diz que "nada está conseguido, nada está
realizado", mas que "a notícia foi boa", pois permite que "os dirigentes
da TAP, os trabalhadores da TAP e os 'stakeholders' [partes envolvidas]
do turismo em geral possam trabalhar em conjunto para mudar a norma,
para colocar a TAP, uma vez mais, ao serviço da economia portuguesa e,
para uma vez, colocar também a TAP no trilho dos resultados positivos". O
responsável acrescentou que a "boa notícia", para além de o ser,
"sobretudo para a TAP, para o turismo português e para a economia
nacional", é também, "porque não é despiciente", "para os trabalhadores
que estão na TAP, que são um número significativo".Já
sobre se concorda com o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno
Santos, que o aval de Bruxelas, nomeadamente a autorização da Comissão
Europeia para que a frota da TAP possa chegar aos 99 aviões até ao fim
do plano de reestruturação, mostra que a companhia não vai ser
"TAPzinha", Pedro Costa Ferreira afirma: "Estou de acordo que foram lhe
dados os instrumentos para não ser uma 'TAPzinha', falta-lhe ter êxito".
Pedro
Costa Ferreira diz "que melhor era quase impossível". Melhor mesmo,
acrescenta, "é a TAP agora pegar nesta notícia e transformá-la em
resultados positivos e num caminho de longo prazo e que seja coerente e
que seja sólido". Em
21 de dezembro, o ministro disse que os 99 aviões foi o valor que o
Governo propôs na proposta inicial do plano de reestruturação."Ao
contrário do que se possa pensar, em Portugal não vai dar uma
'TAPzinha'. O ponto a ponto em Lisboa é sustentado pelo 'hub'
[plataforma de distribuição de voos entre aeroportos]. Quando se diz que
a TAP não serve o turismo, porque o Algarve não tem TAP cometem-se dois
erros grosseiros: o primeiro, muito grosseiro, é achar que o turismo em
Portugal 'hoje por hoje' é o Algarve. O Algarve é um excelente destino
turístico, mas o turismo em Portugal é muito mais do que o Algarve e,
sobretudo, o crescimento futuro do turismo em Portugal passa por muitos
sítios e muito pouco pelo Algarve onde as taxas de ocupação estão muito
próximas dos 100% na época alta. E, portanto, o facto de o Algarve não
ter TAP não tem nada a ver com o facto de a TAP não servir o turismo em
Portugal. Este é o primeiro ponto", sublinhou o responsável. Já
o segundo ponto para a APAVT é que "o que existe em termos de posição
da TAP no Algarve é exatamente o seria a posição da TAP em Lisboa" se
não houvesse um 'hub'. "A
TAP não está no Algarve porque não queira estar no Algarve. A TAP não
está no Algarve porque como não tem o 'hub' no Algarve não consegue
competir no ponto a ponto com as 'low cost' [companhias de baixo custo],
coisa que consegue em Lisboa. Portanto, o que teríamos era um abandono
total das rotas de longo curso, em nosso entendimento, e com isso o que
sofreria era o interior do país, era o Alentejo, era o centro de
Portugal, era o Douro, eram as estadias mais longas, eram os mercados
turísticos mais ricos e com maior capacidade de gasto turístico",
concluiu. O
plano aprovado estabelece ainda "um pacote de medidas para racionalizar
as operações da TAP e reduzir os custos", nomeadamente a divisão de
atividades entre, por um lado, as da TAP Air Portugal e da Portugália
(que serão apoiadas e reestruturadas), e por outro a alienação de
"ativos não essenciais" como filiais em atividades adjacentes de
manutenção (no Brasil) e restauração e assistência em terra (que é
prestada pela Groundforce)".O
Governo entregou à Comissão Europeia, há um ano, o plano de
reestruturação da TAP, tendo, entretanto, implementado medidas como a
redução de trabalhadores.