Autoridade Palestiniana alerta para empresas de deslocações suspeitas em Gaza

Médio Oriente

Hoje 17:26 — Lusa/AO Online

Em comunicado, a Autoridade Palestiniana referiu que estas empresas se aproveitam "das duras condições sofridas pela população" e expõem muitos habitantes do território "a perigos reais".Sem adiantar pormenores sobre estas empresas, o comunicado reiterou que "o Governo palestiniano é a única entidade autorizada a coordenar a movimentação de cidadãos de forma a garantir a sua segurança e proteger os seus direitos" dentro da Faixa de Gaza.Este alerta surge depois de um avião fretado que transportava 153 palestinianos do enclave ter aterrado na passada sexta-feira no Aeroporto de Joanesburgo, na África do Sul. Segundo a estação televisiva Al-Jazeera, a polémica organização Al-Majd, envolvida em acusações de tráfico humano, coordenou a partida dos habitantes.Além do aviso em relação à Faixa de Gaza, a Autoridade Palestiniana apelou hoje para uma "ação internacional imediata" para travar o "terrorismo" dos colonos israelitas na Cisjordânia ocupada.De acordo com as autoridades palestinianas, as milícias organizadas de colonos "aterrorizam as cidades e vilas palestinianas, cometendo crimes sistemáticos contra civis, incluindo agressões físicas, incêndios criminosos, desflorestação e intimidação de residentes".Lamentaram ainda que o Governo do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, não tenha tomado medidas contra o perigo que os colonos representam para a população. A Autoridade Palestiniana afirmou que as autoridades israelitas não só deixam de impor quaisquer medidas dissuasoras contra os colonos, como também lhes fornecem "a cobertura e o apoio necessários para a sua expansão", em "flagrante violação do direito internacional".Em outubro, foram registados mais de 260 ataques de colonos contra palestinianos na Cisjordânia, o maior número num só mês desde que o gabinete de coordenação humanitária da ONU (OCHA) começou a documentar agressões em 2006. Na terça-feira passada, a polícia e o exército de Israel prenderam vários colonos por envolvimento em ataques violentos contra palestinianos em Beit Lid, no norte da Cisjordânia, uma medida invulgar após denúncias reiteradas das autoridades locais e organizações de defesa dos direitos humanos sobre a impunidade de que beneficiam os habitantes judeus nos territórios ocupados.No seguimento deste incidente, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou no domingo “medidas enérgicas” contra os colonos radicais e os seus atos de violência dirigidos à população palestiniana e também às tropas de Israel na Cisjordânia."São uma minoria que entra na Judeia e Samaria e não representam a maioria dos colonos, que respeitam a lei e são leais ao Estado", declarou Netanyahu antes de uma reunião governamental, usando as designações administrativas israelitas para o território da Cisjordânia.O chefe do Governo afirmou que as ações de violência dos colonos “vão receber uma resposta muito forte”, observando que Israel é “uma nação de leis”.Nas últimas semanas, os ataques atribuídos a colonos cada vez mais jovens e violentos, geralmente residentes em postos avançados (assentamentos ilegais ao abrigo das leis de Israel e destinados a criar factos consumados no terreno), têm-se multiplicado na Cisjordânia, tendo como alvo habitantes palestinianos, mas também jornalistas, ativistas do seu próprio país e estrangeiros e, por vezes, até militares israelitas. Apesar do cessar-fogo no enclave palestiniano, em vigor desde o passado dia 10 de outubro, os ataques atribuídos a colonos na Cisjordânia não pararam e inclusive registaram um aumento relacionado com a campanha de colheita de azeitona e destruição de olivais.Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, mais de mil palestinianos morreram na Cisjordânia, de acordo com números das Nações Unidas, em episódios de violência envolvendo militares e colonos radicais israelitas.No mesmo período, segundo números oficiais de Israel, pelo menos 36 israelitas, incluindo civis e soldados, foram mortos em ataques palestinianos ou durante incursões militares.