Autoridade de Saúde dos Açores apela a que a população "não baixe a guarda"
Covid-19
9 de abr. de 2020, 09:45
— Lusa/AO Online
“Nós
temos visto isto nos últimos dias. A população, por via dos resultados
que temos vindo a apresentar, parece, de certa forma, que está a ficar
mais descansada e não podemos baixar a guarda. Não podemos relaxar e
começar a circular normalmente”, afirmou Tiago Lopes, no ponto de
situação diário sobre a evolução do surto na região, feito em Angra do
Heroísmo.Desde o dia 4 de março que foram
registados apenas seis novos casos positivos nos Açores, com dois dias
sem qualquer caso confirmado e, em algumas ilhas, começa a notar-se
maior circulação nas vias públicas.“Isto
deixa-nos, de certa forma, em cheque, porque nos deixa mais expostos ao
contacto com possíveis pessoas infetadas, embora, como temos vindo a dar
nota, não tenhamos registado um número muito significativo de casos
positivos”, frisou o responsável da Autoridade de Saúde Regional.Entre
as 00h00 do dia 9 e as 24h00 do dia 13 de abril, a circulação entre
concelhos estará limitada, decisão que para Tiago Lopes chega “em boa
altura”.“A população de certa forma parece
que entende mais que tem direitos do que tem deveres. E depois
sentem-se atingidas e afrontadas pelo facto de verem restringida um
pouco da sua liberdade. Neste momento, acho que é essencial e vem em boa
altura a aplicação destas medidas mais restritivas de circulação entre
concelhos e vai ao encontro daquilo que nós já temos vindo a apelar nos
últimos dias e nas últimas semanas”, apontou.O
também diretor regional da Saúde dos Açores admitiu que a medida, já
aplicada desde sexta-feira em todos os concelhos da ilha de São Miguel,
vai provocar “constrangimentos”, mas apelou à compreensão da população.“Estamos
em estado de emergência, não estamos numa época vulgar. Tem de se
apelar à compreensão das pessoas para que, quando circulem, tenham
alguma paciência e alguma calma, porque vai haver alguma restrição e
algum atraso na sua circulação”, reiterou.Depois
de um primeiro caso identificado na ilha do Pico, foi detetado um
segundo caso de infeção pelo novo coronavírus após os 14 dias de
quarentena determinada pelas autoridades de saúde, na ilha Graciosa.Segundo
Tiago Lopes, a mulher de 21 anos, com histórico de viagem recente ao
exterior, cumpriu 14 dias de quarentena à chegada à ilha, mas esse
período já tinha sido prorrogado.“É uma
cidadã que tinha feito uma viagem recente ao exterior, acompanhada, que
estava em quarentena, acompanhada, e dentro desse acompanhamento vamos
fazer o teste para saber se há positividade, por via desta proximidade”,
afirmou, alegando que, mesmo que o segundo caso seja positivo, a
transmissão “estará muito circunscrita a esse núcleo”.Várias
cadeias de transmissão local identificadas nos Açores dizem respeito a
contactos próximos com familiares e o responsável da Autoridade de Saúde
Regional admitiu que nem sempre são acatadas as recomendações de
isolamento.“Muitas vezes é notório que as
pessoas estão em casa, de quarentena, mas consegue-se vislumbrar alguma
interação social. Quando suspeitamos que há alguma interação social
preferimos pecar por excesso e identificar os contactos próximos que
possam ter existido”, afirmou.Na sequência
destes casos, a Autoridade Regional de Saúde dos Açores decidiu alargar
o período de quarentena “em determinados momentos e em determinados
contextos”, para identificar de forma mais precoce possíveis novos casos
positivos.“Sempre que se justifique pelas
ligações epidemiológicas ou pelo contexto particular de uma ou outra
cadeia de transmissão, fazemos os testes para ter mais alguma
salvaguarda”, acrescentou Tiago Lopes.