Autarquia da Praia da Vitória envia suspeitas de ilegalidades para Ministério Público
15 de nov. de 2022, 18:54
— Lusa/AO Online
“Em
todos os processos que foram avaliados, muitos deles são alvos de
suspeitas de ilegalidade. O resultado final de todo este trabalho será
encaminhado para o Tribunal de Contas, para o Ministério Público, para a
Polícia Judiciária, para a Direção-Geral das Autarquias Locais e para a
presidência do Governo [Regional]”, avançou a presidente do município
da Praia da Vitória, Vânia Ferreira, em conferência de imprensa.A
autarca da coligação PSD/CDS-PP, que tomou posse em outubro de 2021,
encomendou uma auditoria às contas do município, referente ao período
entre 2016 e 2021, em que o PS liderava o executivo camarário.Questionada
sobre exemplos de ilegalidades identificadas na auditoria, a presidente
do município disse que foi construído um bar na freguesia dos
Biscoitos, “de forma ilegal” e “sem pareceres”, que teve um custo de 100
mil euros.Segundo Vânia Ferreira, nas 400
páginas do relatório da auditoria, foi detetado um “histórico de
engenharias financeiras e ações, cuja legalidade é duvidosa”, que
sustentam os alertas do Tribunal de Contas, em 2012 e 2018.“Em
2018, o Tribunal de Contas deixou bem claro que o município da Praia da
Vitória caminhava para o abismo e que nessa altura ainda ia a tempo de
resolver o problema pondo fim ao universo municipal, internalizando as
dívidas e recursos e avançando para um processo de recuperação
financeira, que em tempo seria moderado”, lembrou.A
autarca acusou os anteriores executivos camarários de terem recorrido a
várias empresas municipais, sociedades, associações e cooperativas
para, numa fase inicial, realizarem “investimentos e projetos fora do
perímetro orçamental da câmara” e, numa fase posterior, “pagar dívidas
umas das outras”.Entre 2018 e 2020, as
dívidas de três entidades foram integradas na cooperativa Praia
Cultural, que, em outubro de 2021, tinha um passivo de 13,7 milhões de
euros.“Esta operação, associada a uma
contratação excessiva posterior de funcionários aumentou descomunalmente
o passivo da entidade e ampliou significativamente as transferências da
câmara para a cooperativa Praia Cultural”, avançou a autarca, alegando
que passaram de 1,5 milhões de euros em 2016 para 4 milhões em 2021.Segundo Vânia Ferreira, “em 2016, a cooperativa Praia Cultural contava com 44 funcionários e, em 2021, contava com 203”.“Entre
2019 e 2021, foram contratados sem termo mais de 138 funcionários, sem
qualquer evidência da sua necessidade e sem qualquer registo dos
critérios e racional da contratação, aumentando os gastos com pessoal em
573%”, apontou.