Autarcas das Flores pedem viagens mais regulares para escoar resíduos acumulados
19 de mai. de 2023, 11:37
— Lusa/AO Online
Em
declarações à agência Lusa, o presidente do município de Santa Cruz das
Flores, explicou que a precariedade do único porto comercial da ilha e a
“logística dos transportes marítimos” levaram à sobrelotação do centro
de processamento de resíduos.“Este cenário
merece a nossa atenção e a nossa preocupação. Temos vindo a seguir a
situação com preocupação. Demos conhecimento ao secretário do Ambiente
[do Governo dos Açores], que está ocorrente da situação”, afirmou José
Carlos Mendes (PS).O autarca do maior
concelho da ilha avançou que a exportação de resíduos já foi retomada,
mas alertou para a necessidade de existirem viagens mais regulares para
escoar o material.“A situação ideal seria
existirem viagens mais regulares num espaço mais curto de tempo de forma
a dar vazão aos resíduos que estão acumulados”, realçou.O
presidente da Câmara das Lajes das Flores, o outro município da ilha,
confirma que o escoamento foi retomado, mas admite estar “preocupado”
porque o aumento do turismo vai gerar uma maior quantidade de lixo.“O
aumento do fluxo turístico implica um aumento grande da quantidade de
resíduos produzidos. É fundamental garantir o escoamento dos mesmos para
o centro funcionar. Caso contrário, o centro fica completamente
bloqueado. Chega a uma altura que não pode receber mais porque deixa de
haver espaço”, alertou Luís Maciel (PS).O
líder da autarquia florentina especifica que a acumulação de resíduos
começou no final do ano passado após a passagem da tempestade ‘Efrain’
que danificou o porto da ilha, que se encontra em reconstrução após a
destruição do Lorenzo.Segundo disse, a Câmara das Lajes deu conhecimento da situação ao Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) há mais de um mês.“A
informação que transmitimos ao Governo Regional é que havia o
equivalente a uns quatro a cinco meses de acumulação de resíduos sem
transporte. O que é significativo. Obviamente que até regularizar vai
demorar algum tempo”, afirmou.Luís Maciel
defende que é “preciso garantir o escoamento” dos resíduos, apesar de a
acumulação ter gerado uma infestação de baratas, tal como foi adiantando
à agência Lusa pela associação ambientalista Zero na quinta-feira.Ressalvando
que “não tem conhecimento técnico para propor soluções”, o presidente
da Câmara das Lajes realçou que existe uma “dificuldade muito grande em
fazer o controlo” das pragas “porque parte desses resíduos já está
acondicionada”.“O centro faz a
desinfestação e tem um contrato com uma empresa de desinfestação, mas
todo esse trabalho acaba por ser infrutífero porque nos fardos há uma
acumulação de matéria orgânica e de rastejantes e esses tratamentos não
conseguem chegar ao interior”, avisou.Na
quinta-feira, a associação ambientalista Zero alertou que o centro de
processamento de resíduos das Flores está sobrelotado, apelando às
autarquias da ilha e ao Governo dos Açores para levar o “assunto a
sério” por uma questão de “salubridade pública”.Rui
Berkemeier, especialista em gestão de resíduos, sugeriu uma
“localização alternativa para colocar temporariamente os resíduos
rejeitados”, criando uma “zona de depósito temporário”.A
04 de maio, o BE denunciou a "situação caótica" de "acumulação" de
resíduos sólidos urbanos no centro de processamento das Flores, devido
aos condicionamentos na operacionalidade dos navios.