Autor: Lusa/AO Online
Em declarações à agência Lusa, a propósito do fim da cerca sanitária ao concelho, António Miguel Soares referiu que “tem tido o cuidado de falar não só com as pessoas infetadas, de quarentena, em alojamento e nas suas casas, mas com os familiares das vítimas, manifestando condolências”.
A cerca sanitária naquele concelho foi implementada a 10 de março, depois de terem sido detetados 12 infetados por Covid-19 no lar de idosos da Santa Casa da Misericórdia do Nordeste.
No total foram infetadas com o novo coronavírus 54 pessoas no concelho do Nordeste, incluindo 38 utentes e 12 funcionários do lar.
Na origem do surto detetado no lar esteve uma utente, de 88 anos, infetada por uma profissional de saúde no hospital de Ponta Delgada.
O autarca refere que “as pessoas estão a fazer o seu luto” e não ouviu “ninguém com esta intenção: claro que é uma intenção legitima e eu julgo que, caso venha a acontecer, será responsabilidade de cada família, de cada pessoa”.
O presidente entende que “a Câmara Municipal do Nordeste não se deve intrometer numa área que não é da sua competência” mas, “no entanto", afirma que "houve várias situações que, infelizmente, correrem menos bem”.
António Miguel Soares refere quando foi “finalmente tomada a decisão” de encerrar o lar e, "apesar de não ser médico", foi visível que “a situação melhorou no concelho”, tendo as mortes “reduzido em número”.
“Não foi fácil conseguir fechar a estrutura, foram necessárias grandes lutas. Várias vezes falei com os responsáveis da saúde nos Açores, e também com o presidente do Governo Regional, e, só depois de várias insistências, se tomou a decisão, que era uma competência da Direção Regional da Saúde, tendo o cenário melhorado e muito", considera.
De acordo com o autarca, a utente do lar que se encontrava no Hospital de Ponta Delgada, que “infelizmente trouxe o vírus”, tinha referenciado no seu processo que "não era necessário isolamento”.
O autarca diz ter “conhecimento que a Santa Casa estava, ainda antes de a Direção Regional da Saúde ter ordenado o encerramento de visitas, a não receber ninguém nas suas instalações e a tomar todo o cuidado necessário e possível”.
O autarca ressalva que se estava perante um lar residencial e “não uma enfermaria ou centro de saúde, ou hospital”.
António
Miguel Soares afirma que a comunidade “está de luto” e que a morte de
12 pessoas num concelho “pequeno como o do Nordeste acaba por abranger
quase toda a população”, porque por ali "se não é família direta é
indireta, é amigo ou conhecido”.