Autarca do Nordeste diz ser legítimo familiares de vítimas processarem autoridades
Covid-19
19 de mai. de 2020, 12:34
— Lusa/AO Online
Em
declarações à agência Lusa, a propósito do fim da cerca sanitária ao
concelho, António Miguel Soares referiu que “tem tido o cuidado de falar
não só com as pessoas infetadas, de quarentena, em alojamento e nas
suas casas, mas com os familiares das vítimas, manifestando
condolências”.A cerca sanitária naquele
concelho foi implementada a 10 de março, depois de terem sido detetados
12 infetados por Covid-19 no lar de idosos da Santa Casa da
Misericórdia do Nordeste.No total foram
infetadas com o novo coronavírus 54 pessoas no concelho do Nordeste,
incluindo 38 utentes e 12 funcionários do lar.Na
origem do surto detetado no lar esteve uma utente, de 88 anos, infetada
por uma profissional de saúde no hospital de Ponta Delgada.O
autarca refere que “as pessoas estão a fazer o seu luto” e não ouviu
“ninguém com esta intenção: claro que é uma intenção legitima e eu julgo
que, caso venha a acontecer, será responsabilidade de cada família, de
cada pessoa”.O presidente entende que “a
Câmara Municipal do Nordeste não se deve intrometer numa área que não é
da sua competência” mas, “no entanto", afirma que "houve várias
situações que, infelizmente, correrem menos bem”.António
Miguel Soares refere quando foi “finalmente tomada a decisão” de
encerrar o lar e, "apesar de não ser médico", foi visível que “a
situação melhorou no concelho”, tendo as mortes “reduzido em número”.“Não
foi fácil conseguir fechar a estrutura, foram necessárias grandes
lutas. Várias vezes falei com os responsáveis da saúde nos Açores, e
também com o presidente do Governo Regional, e, só depois de várias
insistências, se tomou a decisão, que era uma competência da Direção
Regional da Saúde, tendo o cenário melhorado e muito", considera.De
acordo com o autarca, a utente do lar que se encontrava no Hospital de
Ponta Delgada, que “infelizmente trouxe o vírus”, tinha referenciado no
seu processo que "não era necessário isolamento”.O
autarca diz ter “conhecimento que a Santa Casa estava, ainda antes de a
Direção Regional da Saúde ter ordenado o encerramento de visitas, a não
receber ninguém nas suas instalações e a tomar todo o cuidado
necessário e possível”.O autarca ressalva que se estava perante um lar residencial e “não uma enfermaria ou centro de saúde, ou hospital”.António
Miguel Soares afirma que a comunidade “está de luto” e que a morte de
12 pessoas num concelho “pequeno como o do Nordeste acaba por abranger
quase toda a população”, porque por ali "se não é família direta é
indireta, é amigo ou conhecido”.