Autarca de Ponta Delgada vai enviar para Ministério Público dossier do Mercado da Graça
16 de ago. de 2022, 17:13
— Lusa/AO Online
Pedro Nascimento Cabral,
que falava esta terça-feira numa sessão extraordinária da Assembleia Municipal de
Ponta Delgada, solicitada pela oposição socialista, afirmou que o
processo vai ser também enviado à Inspeção Regional Administrativa e da
Transparência e ao Tribunal de Contas.A
anteceder o anúncio do presidente do município, a anterior autarca de
Ponta Delgada, e atual presidente da Assembleia Municipal de Ponta
Delgada, Maria José Duarte, social-democrata, manifestou o “repúdio
absoluto” pelas palavras públicas relativas ao projeto relativo ao
Mercado da Graça do atual presidente, responsabilizando-o.Recentemente,
a Câmara de Ponta Delgada anunciou a suspensão da obra de
requalificação da cobertura do Mercado da Graça “por motivos de
segurança”, devido à inexistência de projeto contra incêndios, e que ia
abrir um processo de averiguações.A maior
autarquia da ilha de São Miguel referia ainda que o projeto foi “da
autoria e [foi] iniciado” pelo anterior executivo (também do PSD).Na
sua declaração na Assembleia Municipal extraordinária, Maria José
Duarte considerou que as palavras de Pedro Nascimento Cabral “não
correspondem à verdade”, ferindo a sua “honra e integridade”.A
ex-autarca salvaguardou que o atual autarca “teve acesso aos factos e
presidiu” a duas reuniões em que ambos estiveram presentes, a 13 e 14
de julho, sobre esta matéria.A anterior
presidente referiu que ficou demonstrado “de forma clara e inequívoca”
que o seu executivo, antes destas reuniões, não tinha “tido conhecimento
que o projeto de segurança contra incêndios não estava totalmente em
conformidade com as normas legais e regulamentares aplicáveis”.Pedro
Nascimento Cabral considerou que “não se pode branquear o que está em
causa ao abrigo de um qualquer suposto interesse ou lealdade
partidária”, salvaguardando que “o que se passa nesse processo é de uma
grande gravidade”.O atual presidente da
Câmara Municipal de Ponta Delgada, aludindo às reuniões apontadas por
Maria José Duarte, considerou que a conversa tida, na altura, “foi um
poço de contradições” da anterior autarca e da vereadora Alexandra
Viveiros, que afirmavam que “não sabiam de nada”.Pedro
Nascimento Cabral referiu que o projeto de aprovação da empreitada do
Mercado da Graça, da responsabilidade do anterior executivo, de 14 de
dezembro de 2020, “contém um anexo a dizer que este não tem o sistema de
segurança contra incêndios” e “não foi ao Serviço Regional de Proteção
Civil e Bombeiros dos Açores para a respetiva validação”.O
autarca ressalvou que o contrato de empreitada foi assinado “três dias
antes das eleições autárquicas (23 de setembro de 2021), tendo
considerado que devido a “pura negligência” o projeto agora terá que ser
revisto para contemplar o sistema de incêndios, um processo que se
estima que irá custar 500 mil euros e durará um período de cinco meses. Pedro
Nascimento Cabral considerou, por outro lado, que a oposição socialista
“ficou aquém do que era desejado e exigido”, uma vez que “ninguém pediu
cópia do processo, vindo falar de cor”, tendo subscrito a proposta de
uma comissão de inquérito para debater o projeto relativo ao Mercado da
Graça.O deputado municipal socialista José
San-Bento considerou que se está perante um processo de
“desresponsabilização e incompetência na gestão deste dossier”, da
"maior gravidade, com prejuízo do município”, e perante uma “balbúrdia
de mentiras”.“Estamos perante um presidente trumpista, que inventa factos e foge a responsabilidades”, afirmou o deputado.A
deputada municipal da IL/Açores, Alexandra Cunha, que já tinha proposto
uma comissão inquérito ao tema, considerou que a Assembleia Municipal
extraordinária “não foi esclarecedora” e que as acusações entre ambos os
autarcas do PSD de Ponta Delgada são “demasiado graves", sendo por isso
necessário "apurar responsabilidades”.