Autarca da Praia da Vitória diz que despedimentos só podem ser travados com compensação
24 de out. de 2023, 17:50
— Lusa
“Desde
o momento em que haja uma compensação, um ato administrativo com um
compromisso, estamos disponíveis para avaliar. Fora disso, não temos
condições de travar este processo neste momento”, afirmou, em
declarações à agência Lusa, a autarca da Praia da Vitória (PSD/CDS-PP),
Vânia Ferreira.A autarquia da Praia da
Vitória decidiu internalizar a cooperativa Praia Cultural e absorver 92
dos seus 165 funcionários com contrato sem termo, depois de 35 terem
aceitado rescisões por mútuo acordo e de dois terem sido absorvidos por
outras entidades.Segundo Vânia Ferreira, dos 36 funcionários que seriam despedidos, sete já assinaram também rescisões, sobrando 29.Na
sexta-feira, no âmbito da discussão de uma recomendação do BE na
Assembleia Legislativa dos Açores, o secretário regional das Finanças,
Planeamento e Administração Pública, Duarte Freitas, disse que o
executivo da coligação PSD/CDS-PP/PPM estava “a trabalhar com a Câmara
Municipal da Praia da Vitória para encontrar soluções” para estes
trabalhadores.“Não é uma situação fácil
tecnicamente, […] não se pode resolver com a mera integração nos quadros
da função pública, tem que passar por um esforço momentâneo da Câmara
da Praia [da Vitória] para integrar estas pessoas que faltam
internalizar”, adiantou.Em reação, Vânia
Ferreira disse que “a ponderação primária em todo este processo foi
perceber se havia possibilidade” de integrar funcionários na
administração regional, mas “não houve possibilidade da parte do governo
de dar essa resposta”.“Era do
conhecimento do Governo Regional esta situação, até porque houve da
parte da vice-presidência alguma abertura para apoiar a transição de
algumas atividades através da área social. Não foram muitas as pessoas
absorvidas, mas era do conhecimento do governo que envolvia um grupo
elevado de trabalhadores e que seria uma situação de difícil gestão”,
vincou.A autarca ressalvou, no entanto, que o executivo não pode prever se todos os funcionários vão “aceitar essa mobilidade”.Vânia
Ferreira reiterou que o município não tem sustentabilidade financeira
para manter todos os funcionários e disse que a solução do Governo
Regional “peca por ser tardia”.“O governo
tem legitimidade para tomar a sua posição, mesmo conhecendo a realidade
do município da Praia da Vitória. Na tentativa de ser o melhor parceiro,
eu não tenho nada a opor, o que não me parece viável é o ‘timing’. A
proposta é muito bem acolhida, porque é na proteção dos funcionários e
nós nunca tivemos intenção de prejudicar os funcionários”, frisou.Segundo
a autarca, desde a aprovação da proposta do BE na Assembleia
Legislativa não houve qualquer “contacto formal” da parte do executivo,
mas os funcionários da cooperativa Praia Cultural já solicitaram uma
reunião com a autarquia.“Este processo
está a decorrer com uma contabilização minuciosa feita de forma a que
não falhemos com os vencimentos destas pessoas. É uma situação muito
delicada, que não pode ser tratada de qualquer forma”, sublinhou.Em
comunicado de imprensa, o vereador socialista Berto Messias disse que
ou a autarca da Praia da Vitória “está a mentir quando diz que pediu
ajuda ao Governo no início do processo dos despedimentos” ou o
secretário das Finanças “está a mentir quando diz que vai arranjar uma
solução”, sabendo que “os prazos para a concretização dos despedimentos
estão a terminar”.“Ou os despedimentos
param já e são revertidos ou o Governo e a Câmara estão a enganar as
pessoas, facto que muito lamentamos”, acusou.