Autarca da Praia da Vitória diz que aumento de impostos criticado por empresários é "imprescindível"
27 de dez. de 2022, 10:58
— Lusa/AO Online
“É
imprescindível que todos possamos dar um contributo, senão a situação
tendencialmente vai agravar-se”, avançou a autarca da Praia da Vitória,
Vânia Ferreira, em conferência de imprensa, após uma reunião de duas
horas com um grupo de empresários do concelho.O
município da Praia da Vitória, liderado, desde outubro 2021, pela
coligação PSD/CDS-PP, aprovou, em reunião de câmara, um aumento do
Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) para o valor máximo permitido
(0,45%) e a aplicação de 1,5% de derrama, imposto sobre os lucros das
empresas, que esteve isenta durante dois anos.As
decisões surgem na sequência de uma auditoria às contas do grupo
municipal (município, empresa municipal Praia Ambiente e cooperativa
Praia Cultural), que identificou um passivo de 33,2 milhões de euros, no
final de 2021.Luís Vasco Cunha, porta-voz
dos empresários da Praia da Vitória, alertou para o “descontentamento
generalizado” com a subida de impostos para o máximo, criticando a
“total ausência de comunicação” da autarquia, e admitiu que algumas
empresas possam mudar “pelo menos a sede” para o concelho vizinho de
Angra do Heroísmo, que não cobra derrama.Os
empresários reivindicam um aumento de impostos “equilibrado e face às
necessidades”, mas alegam desconhecer a receita expectável, os cortes
previstos na despesa e as medidas que serão tomadas.“Temos
opinião de várias pessoas com experiência neste tipo de situações,
alguns altos responsáveis por outras autarquias, que já passaram por
situações semelhantes, algumas até bem piores, que dizem que aquilo que
está a ser feito é desajustado e extemporâneo, não havendo a certeza de
que realmente esse esforço que se está a pedir é efetivamente
necessário”, apontou Luís Vasco Cunha.Vânia
Ferreira admitiu que a medida terá “implicações” nas empresas, mas
sublinhou que a situação financeira do município “é realmente muito
frágil”.“A câmara municipal nos últimos
anos isentou muitos dos impostos, o que leva a que este ano tenhamos um
dos orçamentos mais baixos. Há que começar a reverter esse ciclo. Não
podemos ter os valores de despesa que temos, sem termos receita”,
afirmou.O município prevê iniciar, em
janeiro, negociações com o Fundo de Apoio Municipal (FAM), com vista a
uma reestruturação financeira e, segundo a autarca, o aumento de
impostos permite garantir “melhores condições de acesso a estes fundos”.“Face
a dois anos de isenções, se não dermos já um sinal ao FAM de que
teremos um aumento da nossa receita, podemos ter implicações
gravíssimas, ao ponto de estarmos condicionados num plano de
reestruturação ao longo de mais de 10 anos. Não é isso que se pretende”,
vincou.“Quanto mais tardiamente nós
dermos estes passos maior será o tempo de recuperação”, alertou,
alegando que se a subida de impostos não for aprovada em assembleia
municipal, esta terça-feira, “as imposições poderão ser mais acrescidas”.O município estima arrecadar 63 mil euros de derrama e mais 760 mil euros de IMI face a 2022.Está
também prevista uma “diminuição de pessoal”, ainda não quantificada,
devendo estar concluídas “nos primeiros três meses” de 2023 negociações
com a Segurança Social para avançar com despedimentos por mútuo acordo
e pré-reformas.A autarquia pretende ainda
realizar acordos com instituições de solidariedade social, que possam
assumir áreas atualmente disponibilizadas pelo município.Vânia
Ferreira admitiu não realizar as festas concelhias e reduzir apoios a
instituições e clubes desportivos, se não recuperar o equilíbrio
financeiro.“Nós não queremos de todo
prejudicar os nossos munícipes, sabendo que este é um ano muito difícil,
mas sem este aumento é muito difícil podermos manter a porta desta casa
aberta”, frisou.Questionada sobre a falta
de diálogo com os empresários, a autarca disse que a matéria era “muito
sensível” e que nenhum empresário iria dizer que “estaria disponível
para esta situação”.