Autarca da junta de São Roque diz que “tudo fez” pelo bem da freguesia
5 de nov. de 2024, 19:11
— Lusa
Em comunicado enviado à
agência Lusa, Pedro Moura defende que a freguesia de São Roque “não só
não foi prejudicada em qualquer valor”, como acabou por ser
“visivelmente beneficiada com as aquisições e obras realizadas” no
processo que levou à sua condenação com pena de perda de mandato.“Face
ao agastamento que esse processo me trouxe, principalmente porque tudo
fiz para o bem social da freguesia a que presidi por três mandatos
consecutivos, saliento que já tinha manifestado a 11 de julho do
corrente ano, em reunião da Assembleia da Junta de Freguesia, a minha
vontade inabalável de pôr termo ao meu mandato de presidente da Junta de
Freguesia de São Roque”, afirma.O
Tribunal da Relação de Lisboa confirmou a condenação do presidente da
Junta de Freguesia de São Roque pela prática de um crime de peculato,
foi hoje divulgado.No dia 24 de abril, o
Tribunal de Ponta Delgada condenou Pedro Moura a três anos e 10 meses de
prisão, com pena suspensa, e perda de mandato por peculato na forma
continuada e participação económica em negócio.Em
causa está o desvio de um montante superior a 137 mil euros das contas
da Junta de Freguesia para o Clube Naval de São Roque, criado e gerido
por Pedro Moura (PS).Na nota, o presidente
da Junta de Freguesia de São Roque evoca as “mais-valias obtidas com a
aquisição dos terrenos” onde se encontra “parte da via circular, o
parque de estacionamento e o portinho da Corretora”, obras que, “de
outra forma, jamais se realizariam”.“Todas
as aquisições dos terrenos, apesar de formalmente discutíveis os
procedimentos administrativos seguidos, foram efetuadas com total
transparência e com o conhecimento da Assembleia de Freguesia, sendo
objeto de contratos de promessa e posteriores escrituras públicas, bem
como houve posse imediata dos terrenos pela freguesia em benefício da
população”, realça.Sobre a verba de 3.825
euros que foi obrigado a pagar ao Estado, Pedro Moura afirma que tal se
deveu à “desconsideração da documentação entregue e junta aos autos,
referente a verbas de pagamentos” a trabalhadores de programas
ocupacionais que “sempre receberam essas pequenas importâncias de
complementos salariais, em dinheiro, a pedido dos próprios”.No
comunicado, o presidente da Junta de São Roque, eleito pelo PS,
salienta ainda que já se passaram “mais de dez anos sobre os factos em
discussão”.Na sua página oficial de
Internet, a Procuradoria-Geral Regional de Lisboa referiu que o Tribunal
da Relação de Lisboa “negou provimento ao recurso interposto pelo
arguido, presidente de uma Junta de Freguesia, na sequência de decisão
condenatória do Juízo Local Criminal de Ponta Delgada”, na ilha de São
Miguel.Segundo o Ministério Público, a
autarquia comprou três terrenos para a realização de obras urgentes na
freguesia e os bens transitaram para o Clube Naval.Destes
terrenos, dois foram posteriormente restituídos à junta, mas um
terceiro foi vendido pelo Clube Naval por 250 mil euros para sanar parte
do empréstimo.