Autor: Lusa/AO Online
“Nunca lutei por poder ou riqueza - lutei pelos mais vulneráveis. E isso, com orgulho, mantenho intacto, e irei recorrer da decisão judicial por achar que não está de acordo com a realidade dos factos”, afirmou o autarca George Ortins, num comunicado enviado à agência Lusa.
O presidente da Junta de Freguesia da Luz foi condenado “pela prática, em autoria material e em concurso efetivo, de um crime de peculato e de um crime de falsificação de documento, na pena única de 220 dias de multa à taxa diária de 20 euros e na pena acessória de perda de mandato”, segundo um comunicado divulgado na terça-feira pelo Ministério Público.
De acordo com o Ministério Público, em 2020 e 2021, o arguido “apropriou-se indevidamente” de materiais destinados à reabilitação de habitações de famílias carenciadas e entregou-os “a fregueses para fins diversos, como construção de telheiros e canis, com o objetivo de angariar apoio político antes das eleições de 2021”.
George Ortins, eleito pelo PS, alegou que “as faltas administrativas não devem ser confundidas com crimes dolosos, nem justificam a gravidade das penas aplicadas”.
“Ao longo de 12 anos, dediquei a minha vida à freguesia da Luz com um único propósito: servir a população com honestidade e trabalho. Hoje, vejo-me injustamente sentenciado por atos que nunca cometi por ambição pessoal ou para meu benefício pessoal”, salientou.
O autarca admitiu que na gestão de materiais públicos podem ter “ocorrido falhas processuais” e assumiu responsabilidade por isso, mas garantiu que “nunca, em momento algum, houve enriquecimento ilícito ou má-fé” da sua parte.
“Continuo a viver com humildade, sem qualquer benefício indevido. Os materiais em questão foram distribuídos a pessoas que me foram procurar a pedir ajuda - para abrigar animais, construir telheiros ou ajudar famílias carenciadas. Se o processo administrativo não seguiu todos os trâmites formais, o objetivo foi sempre o de ajudar a nossa comunidade”, frisou.
George Ortins lamentou não ter denunciado a tempo “graves desvios” que chegaram ao seu conhecimento no passado, “como a duplicação de verbas para a casa funerária ou a mistura de contas pessoais com dinheiro público por parte de anteriores responsáveis”.
“Errei por omissão e aprendi com isso. O que mais me dói é ver a justiça ser aplicada de forma tão desigual. Condenam-me por tentar ajudar dentro das minhas possibilidades, enquanto outros que cometeram irregularidades para fins eleitorais e pessoais continuam impunes”, apontou.
“Peço
apenas que me julguem com a mesma medida com que deveriam julgar todos:
pela intenção e pelos resultados concretos para a população”, reforçou.