Aumentam tentativas de passar fronteira da Bielorrússia para Polónia
Migrações
15 de set. de 2022, 15:25
— Lusa/AO Online
Num relatório divulgado, as autoridades fronteiriças da Polónia referem que, no
mês passado, foram intercetadas cerca de 900 pessoas de 38
nacionalidades tentaram entrar ilegalmente no país – e,
consequentemente, na União Europeia – a partir da Bielorrússia, a
maioria das quais provenientes do Iraque, de Serra Leoa e de Cuba.Estes
números representam um aumento considerável em relação aos meses
anteriores, quando eram registados menos de metade dos casos.No
documento de balanço, apresentado à imprensa pela porta-voz da guarda
fronteiriça, Anna Michalska, em Bialystok (leste), é indicado que, na
maioria dos casos, as tentativas de entrada no país são feitas por
homens entre os 20 e os 40 anos, a pé e à noite, em grupos de cerca de
cinco pessoas, aproveitando a difícil orografia da zona para evitar a
vigilância.O relatório refere também as
máfias que operam na fronteira para ajudar os migrantes a chegar ao
território polaco em troca de dinheiro e indica que, em agosto, foram
feitas 16 detenções, a maioria das quais a homens de nacionalidade
ucraniana ou moldava, que colaboraram com redes de imigração ilegal.Michalska
reiterou as acusações que a Polónia tem feito ao regime bielorrusso,
culpando-o pela atividade ilegal na área e sublinhando que “é impossível
chegar à fronteira polaca sem o conhecimento das autoridades”
bielorrussas.Em junho, o Governo polaco
terminou de construir um muro de cinco metros de altura ao longo de 187
dos 400 quilómetros de fronteira que divide o país da Bielorrússia e,
desde então, tem estado a colocar dispositivos de vigilância eletrónica,
usando mais de 2.500 câmaras de vigilância diurna e noturna e mais de
600 quilómetros de cabos.Varsóvia decidiu
construir a barreira em novembro de 2021, na sequência de uma crise
migratória que levou dezenas de milhares de pessoas a tentar entrar
ilegalmente no território polaco através da Bielorrússia.Em
julho passado, o Relator Especial das Nações Unidas para a migração,
Felipe González Morales, visitou a fronteira da Polónia com a
Bielorrússia e criticou as autoridades de Varsóvia por “práticas
perigosas de expulsão”.Em janeiro, a
organização internacional Médicos Sem Fronteiras anunciou que a sua
equipa de ajuda humanitária ia deixar de operar na região depois de “ver
repetidamente bloqueado o seu acesso a migrantes e refugiados”.Desde
agosto do ano passado, milhares de migrantes, com origem sobretudo no
Médio Oriente e em África, tentaram cruzar a fronteira da Bielorrússia
para a Polónia, país que pertence à União Europeia.Segundo
Bruxelas, o regime bielorrusso organizou deliberadamente este aumento
do fluxo de migrantes como retaliação pelas sanções europeias impostas
para penalizar o regime de Alexander Lukashenko.A
Polónia respondeu enviando milhares de militares para a fronteira e
adotando um estado de emergência, além de construir uma cerca de arame
farpado.O país foi um dos 12 Estados que,
na altura, pediram a Bruxelas para financiar “barreiras” fronteiriças
para impedir que os migrantes entrassem no território da União Europeia.Na
altura, o Governo polaco desencorajou os seus cidadãos a viajar para a
Bielorrússia porque, se as tensões entre os dois países piorarem, “pode
tornar-se impossível retirar as pessoas” do país.