Augusto Santos Silva diz que não lhe "compete saber de processos judiciais"
Operação Miríade
10 de nov. de 2021, 12:47
— Lusa/AO Online
"Não, não me compete saber processos que estão
em segredo de justiça", disse Augusto Santos Silva, respondendo a
questões dos jornalistas sobre se gostaria de ter sido informado sobre o
processo que envolve militares portugueses na República Centro
Africana, à margem da Assembleia Geral da UNESCO, que decorre em Paris.O
governante indicou ainda que se trata de "uma investigação judicial" e
que em Portugal vigora "o princípio da separação de poderes", dando
conta que o Ministério da Defesa Nacional contactou as Nações Unidas de
forma a informar a organização sobre as suspeitas de envolvimento dos
militares portugueses."Quanto ao único
elemento com relevância do ponto de vista de política externa, nós temos
um canal de comunicação direto entre o Ministério de Defesa Nacional e o
departamento das Nações Unidas responsável pelas missões de paz e esse
canal foi ativado para informar as Nações Unidas em devido tempo",
garantiu o ministro.A Polícia Judiciária
(PJ) executou, a 08 de novembro, 100 mandados de busca e fez 11
detenções, incluindo militares, um advogado, um agente da PSP e um
guarda da GNR, no âmbito da Operação Miríade, num inquérito dirigido
pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa.Em
causa está a investigação a uma rede criminosa com ligações
internacionais que "se dedica a obter proveitos ilícitos através de
contrabando de diamantes e ouro, tráfico de estupefacientes, contrafação
e passagem de moeda falsa, acessos ilegítimos e burlas informáticas",
com vista ao branqueamento de capitais.Em
comunicado, o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) revelou
que alguns militares portugueses em missões da ONU na República
Centro-Africana podem ter sido utilizados como "correios no tráfego de
diamantes", adiantando que o caso foi reportado em dezembro de 2019.