Auditoria revela perdas de 4.042 ME no Novo Banco e Governo envia relatório para PGR
1 de set. de 2020, 08:42
— Lusa/AO Online
“O relatório descreve um conjunto de
insuficiências e deficiências graves de controlo interno no período de
atividade até 2014 do Banco Espírito Santo no processo de concessão e
acompanhamento do crédito, bem como relativamente ao investimento
noutros ativos financeiros e imobiliários”, de acordo com o comunicado,
divulgado esta madrugada, pelo Ministério das Finanças.Devido
à grande abrangência temporal, “que incide sobre um período muito
alargado da atividade do Banco Espírito Santo até 2014 relativamente ao
qual estão em curso processos criminais, e à necessidade de salvaguarda
dos interesses financeiros do Estado, o relatório será remetido pelo
Governo à Procuradoria-Geral da República considerando as competências
constitucionais e legais do Ministério Público”, indicou o Governo
português.O relatório, elaborado pela
empresa de auditoria Deloitte e entregue hoje ao Governo, analisou atos
de gestão no Banco Espírito Santo e no Novo Banco, desde 01 de janeiro
de 2000 até 31 de dezembro de 2018, e incidiu sobre “283 operações que
integram o objeto da auditoria, abrangendo, portanto, quer o período de
atividade do Banco Espírito Santo, quer o período de atividade do Novo
Banco”.Este conjunto de operações
originaram perdas de 4.042 milhões de euros para o Novo Banco entre 04
de agosto de 2014 (um dia após a resolução do BES) e 31 de dezembro de
2018.“O relatório da auditoria especial
evidencia que as perdas incorridas pelo Novo Banco decorreram
fundamentalmente de exposições a ativos que tiveram origem no período de
atividade do Banco Espírito Santo e que foram transferidos para o Novo
Banco no âmbito da resolução”, acrescentou.O
Ministério das Finanças indicou ainda ter remetido o relatório à
Assembleia da República, bem como ao Banco Central Europeu, ao Banco de
Portugal, ao Fundo de Resolução, à Autoridade de Supervisão de Seguros e
Fundos de Pensões e à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.“O
relatório da auditoria especial é extenso e exigirá uma análise técnica
cuidada, objetiva e responsável por parte de todos aqueles a quem foi
enviado”, observou o Governo português, acrescentando ser
“imprescindível que sejam desenvolvidas, por todos os intervenientes,
todas as ações necessárias para assegurar a rápida e integral correção
das questões identificadas no relatório da auditoria especial”.Ainda
na mesma nota, o Ministério das Finanças reiterou a “importância do
integral cumprimento dos compromissos contratualmente assumidos,
designadamente perante o Fundo de Resolução”.