Auditoria aponta para falta de meios humanos no Serviço de Suporte Imediato de Vida
17 de dez. de 2024, 17:15
— Lusa/AO Online
Estas são algumas
das conclusões do relatório de auditoria do Tribunal de Contas (TdC) ao
Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA), que visou, entre outras matérias, analisar o
funcionamento e o financiamento na parte destinada à emergência médica.Segundo
o relatório, o SRPCBA obteve um
financiamento global de 12,2 ME, dos quais, cerca de 9 ME (73,6%) foram
provenientes de transferências do Orçamento da Região Autónoma dos
Açores e 3,2 ME (26%) da cobrança de receitas próprias.A
despesa do Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros ascendeu a
cerca de 11 ME em 2022, dos quais cerca de 5,8 ME foram despendidos com a
emergência médica na região.O Tribunal de
Contas concluiu que "o tempo médio de resposta às situações de
prioridade vermelha não cumpre os padrões (internacionais) e as metas
(internas)".O Serviço de Suporte Imediato
de Vida "atingiu uma taxa de inoperacionalidade de 9,27%", relacionada,
sobretudo, com "a falta de meios humanos, designadamente de enfermagem
e, de forma residual, tripulantes de ambulância", acrescenta.A
auditoria alerta para a necessidade de se reforçar os meios disponíveis
nos concelhos de Ponta Delgada e da Ribeira Grande, na ilha de São
Miguel, e na ilha do Faial, a fim de assegurar o funcionamento do
serviço em regime de permanência, 24 horas por dia.Após
examinar a documentação recolhida e os esclarecimentos do SRPCBA, o TdC
concluiu que "não existe" um departamento dedicado à emergência médica,
pelo que cabe à Inspeção de Bombeiros, através da Divisão de Socorro e
Equipamentos, assegurar, diretamente ou através de protocolos de
cooperação, a operacionalidade do sistema de transporte terrestre de
doentes.Por outro lado, não permitiu
concluir pela conformidade dos montantes pagos pelo Serviço Regional às
Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários pelo transporte
terrestre de doentes urgentes e emergentes."Apesar
de o serviço de transporte de doentes urgentes e emergentes ser
financiado através de verba inscrita no Plano Anual da Região Autónoma
dos Açores, o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros do Açores
não tem instituídos mecanismos de acompanhamento e/ou controlo da
execução física e financeira dos protocolos celebrados com as
Associações Humanitárias dos Bombeiros Voluntários", lê-se no relatório.A
auditoria concluiu ainda que, no período em análise, estavam
contratualizadas 31 ambulâncias de socorro no período diurno e 21 no
período noturno, dedicadas ao transporte urgente e emergente de doentes,
distribuídas por todas as ilhas. Por
regra, "não se verificam situações de inoperacionalidade das
ambulâncias" e as Associações de Bombeiros Voluntários "dispõem de meios
suficientes para procederem à sua substituição". Entre
as recomendações formuladas ao Serviço Regional de Proteção Civil, o
TdC assinala o desenvolvimento de mecanismos de acompanhamento e/ou
controlo da execução física e financeira dos protocolos celebrados com
as associações de Bombeiros Voluntários e a implementação de mecanismos
que assegurem a conformidade dos montantes pagos, em especial quanto ao
número de quilómetros apresentados.Em sede
de contraditório, o SRPCBA reconheceu "a relevância e a necessidade de
aperfeiçoar a sua estrutura para otimizar a capacidade e a qualidade
operacional da Emergência Médica nos Açores".A
Proteção Civil adianta que está a ser criada uma proposta de alteração
orgânica, propondo uma Unidade dedicada à Emergência Médica, visando
"fortalecer a atuação da Sala de Atendimento e Gestão de Emergências
(SAGE) e introduzindo conceitos como o comando operacional remoto, capaz
de fornecer apoio direto à tomada de decisão no teatro de operações".A
Proteção Civil assegura que está a modernizar os instrumentos de gestão
através da implementação de um sistema que integre todo o fluxo
informativo da linha 112, corpos de bombeiros, municípios e rastreamento
de frotas, em tempo real, um projeto já submetido ao Sistema de
Incentivos à Modernização Administrativa, no âmbito do Plano de
Recuperação e Resiliência (PRR)."Esse
sistema, aliado à nova estrutura orgânica, permitirá um ganho
substancial na gestão de ocorrências e um acompanhamento mais eficaz dos
protocolos com as Associações Humanitárias dos Bombeiros", é referido
ainda.O SRPCBA refere estar "ciente" da
necessidade de reforçar o dispositivo de Emergência Médica na ilha de
São Miguel, em concreto nos concelhos de Ponta Delgada e Ribeira Grande,
estando previsto para 2025 uma dotação financeira para tal.