Auditoria acusa Londres de falta de transparência na compra de material
Covid-19
18 de nov. de 2020, 13:21
— Lusa/AO Online
O National
Audit Office disse, num relatório publicado esta quarta-feira que empresas com
ligações a políticos tiveram um acesso rápido e mais oportunidades de
conseguir contratos de fornecimento do que outros candidatos.O
Reino Unido, tal como muitos outros países, enfrentou dificuldades
devido à falta de máscaras, batas, luvas e outras peças de equipamento
necessárias para proteger os profissionais de saúde na primeira vaga da
pandemia, durante a primavera.Numa
tentativa de aumentar as reservas, o Governo concedeu 8.600 contratos no
valor de 18 mil milhões de libras (20 mil milhões de euros) entre março
e julho, a maioria por adjudicação direta e sem um processo de
licitação pública. Alguns foram
facilitados através de uma "via de alta prioridade" a empresas
recomendadas por políticos, profissionais de saúde e funcionários do
governo, que foram considerados de maior confiança e processados mais
rapidamente do que outros.O auditor
oficial disse, a propósito de uma amostra de casos que estudou, que “os
ministérios não documentaram as decisões-chave, como por que motivo
escolheram um fornecedor específico ou porque recorreram a adjudicação
de urgência, e não documentaram a consideração dos riscos, incluindo
como identificaram e geriram eventuais potenciais conflitos de
interesse”.Em alguns casos, faltam
documentos que suportem as decisões ou foram celebrados contratos depois
de os trabalhos já terem sido concluídos. Em mais da metade dos casos, os contratos não foram publicados até 10 de novembro.A
deputada do Partido Trabalhista Meg Hillier, que chefia a Comissão de
Contas Públicas do Parlamento, acusou o Governo de ter "violado as
regras e atropelado os interesses do contribuinte".Mas
o ministro da Economia, Alok Sharma, defendeu o executivo, alegando que
agiu com urgência e sob "grande pressão” numa situação de crise."Tivemos
de fazer uma enorme quantidade de trabalho muito rapidamente para
garantir o PPE [Equipamento de Proteção Pessoal] e foi isso que fizemos,
e não vou pedir desculpa por termos feito esse esforço”, afirmou à
BBC.Questionado sobre um caso específico
noticiado na terça-feira de um empresário espanhol que terá recebido 21
milhões de libras (24 milhões de euros) para atuar como intermediário
num desses contratos, Sharma insistiu que “foram feitos controlos”.