Atlânticoline com quebra de receitas de 61% no primeiro semestre
17 de jul. de 2020, 12:50
— Lusa/AO Online
“O ano 2020 começou com um crescimento
significativo da procura, registando-se, nos meses de janeiro e
fevereiro, um aumento de 10% no volume de passageiros transportados e
32% nas viaturas, comparando com o período homólogo de 2019”, adiantou à
Lusa o presidente do Conselho de Administração da Atlânticoline, Carlos
Faias, numa resposta escrita.Mas a
pandemia de covid-19 veio contrariar o crescimento verificado nos
primeiros meses do ano e provocou uma quebra nas receitas “de quase 61%
no primeiro semestre de 2020”, mesmo com o “excecional desempenho em
janeiro e fevereiro”, que “atenua, nesta estatística, a forte quebra
verificada desde a chegada dos efeitos da pandemia aos Açores”, apontou o
responsável.A empresa pública ativou o
plano de contingência em 05 de março e reduziu as viagens para os
serviços mínimos em 13 de março, mas logo no dia 20 teve de suspender a
operação.“Durante a suspensão, foram
realizadas viagens apenas para permitir as deslocações por motivos de
força maior e com autorização da Autoridade de Saúde Regional”, frisou a
transportadora.A operação regular foi
retomada em 06 de maio no grupo Ocidental (Flores e Corvo) e em 29 de
maio no grupo Central (Faial, Pico, São Jorge, Terceira e Graciosa), mas
“não foi, naturalmente, acompanhada de um retorno da procura ao cenário
dos anos anteriores, seja por força das restrições à mobilidade, seja
pelo facto de a própria situação dissuadir muitos consumidores de se
deslocarem”.Como reflexo da quebra dos
fluxos turísticos na região, “a retoma da operação tem assistido a um
aumento tímido e lento do fluxo de passageiros, sendo que estes são,
maioritariamente, residentes que se deslocam por motivos laborais e de
saúde”.“Com o avançar do verão, temos
assistido a uma maior procura dos residentes por motivos de lazer,
fazendo eco do apelo do Governo Regional ao turismo interno, e começam
também a surgir alguns turistas vindos do exterior”, afirmou Carlos
Faias.No mês de junho, a Atlânticoline
transportou 22.263 passageiros, com uma média diária de 742,“uma redução
de cerca de 58%” em relação aos 52.733 transportados no mesmo mês de
2019, altura em que a média diária de passageiros transportados ascendia
aos 1.700.Já a taxa de ocupação média,
considerando o número de lugares disponibilizados, que este ano é de 2/3
(dois terços) da capacidade total, passou de 25% em junho de 2019 para
12,5% no mês passado.Durante o período em
que estiveram suspensas as ligações interilhas, “a empresa não procedeu à
cobrança dos títulos de viagem”, pelo que “as receitas foram marginais,
oriundas apenas do transporte de viaturas e de mercadorias”, adiantou o
responsável.Com a manutenção dos “custos
associados à operação”, a empresa recorreu em maio “ao lay-off
simplificado em várias modalidades, sendo que, com a retoma, essa medida
passou a ser aplicada a um número muito reduzido de trabalhadores”.Para
este ano, foi cancelada a operação sazonal realizada nos anos
anteriores com os navios fretados a ligar todas as ilhas dos Açores, à
exceção da ilha do Corvo (a chamada Linha Amarela), uma operação que
representa “um volume de cerca de 70 mil passageiros e 12 mil viaturas”.A
transportadora continua a operar as linhas regulares no grupo Ocidental
e no ‘triângulo’ (Faial, Pico e São Jorge), bem como a linha sazonal
que liga as ilhas do ‘triângulo’ à Terceira. Além disso, criou uma rota
excecional – a Linha Branca – para ligar as cinco ilhas do grupo Central
até meados de setembro.A empresa espera
“fazer face a este período de extrema adversidade, com quedas drásticas
ao nível das receitas, garantindo um serviço público de transporte de
qualidade e, principalmente, de máxima segurança” para passageiros e
colaboradores.Nesse sentido, foi feito “um
grande esforço de otimização dos recursos para garantir a eficácia” da
nova linha e foi disponibilizado “um produto promocional destinado às
famílias”, a preços mais reduzidos, para as rotas que tenham como origem
ou destino as ilhas da Terceira ou Graciosa (as rotas mais longas
mantidas este ano).