Atlântico pode ter 10 vezes mais plástico do que se pensava
18 de ago. de 2020, 15:41
— Lusa/AO online
Segundo
a investigação, publicada hoje na revista “Nature Communications”, os
valores estimados de microplásticos dizem respeito a apenas três dos
tipos de plástico mais comum e numa gama limitada de tamanhos. E
ainda assim, dizem os investigadores, são valores comparáveis em
magnitude às estimativas de todos os resíduos de plástico que entraram
no oceano Atlântico nos últimos 65 anos, 17 milhões de toneladas. Tal
quererá dizer que a quantidade de plástico que chega ao oceano tem sido
substancialmente subestimada. “Antes não
conseguíamos estabelecer um equilíbrio entre a massa de plástico
flutuante que observávamos e a que julgávamos ter entrado no mar desde
1950, porque os estudos anteriores não tinham medido as concentrações de
partículas de microplásticos ´invisíveis´ na superfície do oceano. A
nossa investigação é a primeira a fazer isto em todo o Atlântico, do
Reino Unido às Malvinas”, diz Katsiaryna Pabortsava, do Centro Nacional
de Oceanografia (National Oceanography Centre, NOC, no Reino Unido),
principal autora do artigo publicado sobre a investigação.Richard
Lampitt, igualmente do NOC e outro dos autores da investigação,
explicou, também citado na publicação: “Se assumirmos que a concentração
de microplásticos que medimos até cerca de 200 metros de profundidade é
representativa da massa de água até ao fundo do mar, com uma
profundidade média de cerca de 3.000 metros, então o oceano Atlântico
poderá conter cerca de 200 milhões de toneladas de lixo plástico nesta
categoria limitada de tipo e tamanho de polímero. Isto é muito mais do
que o que se julgava ter sido deitado ao mar”.Os
investigadores consideram que para lutar contra o plástico são
necessárias boas estimativas da quantidade, características e efeitos do
plástico no mar, e dizem que os cientistas têm tido uma compreensão
desadequada para o fator mais simples, que é a quantidade, com
estimativas que em sido “massivamente subestimadas”.Pabortsava
e Lampitt recolheram as amostras de água do mar entre setembro e
novembro de 2016, a três profundidades diferentes entre a superfície e
os 200 metros de profundidade. Detetaram e identificaram o plástico
utilizando técnicas de imagem espetroscópica.O
estudo centrou-se no polietileno, no polipropileno, e no poliestireno,
os três tipos de plástico mais comuns e a maioria do plástico encontrado
no lixo.