Ativistas aceitam regresso à normalidade no Liceu Camões na terça-feira
Clima
14 de nov. de 2022, 13:51
— Lusa/AO Online
Em
declarações aos jornalistas junto àquela Escola Secundária, o diretor
do Liceu Camões, João Jaime Pires, adiantou que houve uma reunião hoje
de manhã em que ficou decidido que a escola voltará a funcionar
normalmente a partir de terça-feira e que fica desta forma aberto o
compromisso, por parte da direção, para que o tema das alterações
climáticas e do combate aos combustíveis fósseis seja debatido em
ambiente escolar.Inês Esteves, uma das
porta-vozes da Greve Climática Estudantil, por detrás do protesto
integrado no movimento internacional “End Fossil: Occupy!”, confirmou
que os alunos aceitaram suspender a ocupação da escola a partir de
terça-feira e que irão permanecer no liceu até à meia-noite de hoje.“Assumimos
o compromisso de hoje, por volta da meia-noite, retirarmos a nossa
presença do Liceu Camões e de amanhã [terça-feira] compactuarmos com o
normal funcionamento das aulas”, adiantou a ativista, acrescentando que
este compromisso com a direção da escola não significa o fim das ações
de protesto.A ativista confirmou que o
movimento já foi contactado pelo Ministério da Economia e do Mar e
afirmou que os estudantes estão disponíveis para se reunir com o
ministro Antonio Costa Silva.Fonte do
ministério tinha dito antes à Lusa que o gabinete do ministro entraria
ainda hoje em contacto com os ativistas climáticos para marcarem uma
reunião, após um convite público feito pelos manifestantes.Questionada
sobre a forma do protesto de hoje, de ocupação de uma escola, Inês
Esteves defendeu que o movimento acredita “piamente” que as escolas, ao
longo dos tempos, têm sido “palcos de revoluções, palcos de mudança, e
palco do decurso da ação”.“A nossa escola é
uma escola extremamente democrática, que nos apoia na medida do
possível. Há abertura para este tipo de movimentos”, apontou,
sublinhando que a ocupação de hoje “não é um movimento contra as
escolas”, mas antes de uso de um local que tem como função preparar os
alunos para o futuro.No entanto, o diretor
João Jaime Pires afirmou não poder ser solidário com uma ação que
resulta no fecho da escola e na paragem das aulas, dizendo apenas que
concorda com a luta pelo planeta.“As
minhas palavras só podem dizer que eu estou solidário com o planeta,
pela causa do ambiente, por esta causa. Não posso estar solidário por a
maioria dos alunos dever estar em aulas e não estar. (…) Não posso ser
solidário, por ser a escola a prejudicada”, explicou o responsável.Acrescentou
que, do ponto de vista pedagógico, não pode compreender os meios
escolhidos para o protesto, defendendo antes que é preciso explicar aos
alunos que têm de conseguir convencer a sociedade, a comunicação social
de que “isto é mais prioritário do que a guerra da Ucrânia, por
exemplo”.Por outro lado, alertou que “estes jovens precisam de falar” e querem mostrar que “para eles o mundo vai acabar”.“Se
acabar para eles, acaba para todos nós e todos temos de contribuir para
que estes jovens possam eventualmente refletir e terem confiança na
vida porque a escola é um direito que não pode ser retirado e a vitória
deles é eles continuarem na escola”, defendeu João Jaime Pires.Disse
ainda que da parte da escola ficou o compromisso de “poder haver
debates sobre a questão climática” e abertura para o pensamento crítico,
“como sempre houve”.Da parte dos
manifestantes, pela voz de Inês Esteves, ficou também a certeza de que
continuarão as ações de luta sempre com o mesmo objetivo: o fim dos
combustíveis fósseis e a preservação do planeta.