Atividade turística na Europa cai 50% este ano e Portugal é dos mais afetados
UE/Previsões
6 de mai. de 2020, 11:24
— Lusa/AO Online
Nas
previsões económicas da primavera do executivo comunitário hoje
publicadas, as primeiras projeções sobre o potencial impacto da pandemia
na economia europeia, a instituição aponta que, embora a crise gerada
pela Covid-19 represente um “choque simétrico” a nível europeu, os
“impactos diferem entre os Estados-membros, refletindo a gravidade da
pandemia, o rigor das medidas de contenção e as diferentes exposições,
por exemplo, à dimensão do setor do turismo”.E,
embora “se espere que estas medidas sejam gradualmente levantadas e que
a procura global recupere, […] o comércio de serviços, particularmente o
turismo, deverá recuperar mais lentamente”, indica o documento.Para
estas previsões económicas, a Comissão Europeia recorreu a três
cenários: considerando que medidas de confinamento adotadas pelos
Estados-membros duram seis semanas, 10 semanas ou 12 semanas.Ainda
assim, aos três é comum a previsão de que a atividade turística cai 50%
este ano, na qual se inclui transporte, hospitalidade, entretenimento e
cultura, com Bruxelas a prever “efeitos duradouros” das medidas de
contenção.Para esta previsão entra também a
“menor confiança e as perdas de rendimento” dos cidadãos, que serão
“dissuasores de viagens não essenciais”.Especificamente
sobre Portugal, a Comissão Europeia antecipa “uma forte recuperação da
economia após o choque inicial”, mas alerta para que, “em alguns
setores, particularmente no turismo, espera-se que os efeitos
secundários se prolonguem”.Desde logo, por causa da “dependência de Portugal do turismo estrangeiro”, destaca Bruxelas.Recorrendo
a dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
(OCDE) referentes a 2018, a Comissão Europeia destaca nas previsões que
Portugal é dos países mais dependentes do turismo, país no qual este
setor representa 8% do PIB e 9,8% do emprego, apenas superado nesta
dependência por Espanha (onde representa 11,8% do PIB e 13,5% do
emprego).Isto também leva a consequências
no desemprego em Portugal, com Bruxelas a indicar que a “lenta
recuperação esperada no turismo e em serviços relacionados deverá ter um
impacto negativo na procura de mão-de-obra durante um período mais
longo”.Questionado sobre os efeitos
económicos da crise no turismo, o comissário europeu da Economia, Paolo
Gentiloni, referiu em conferência de imprensa que “é preciso trabalhar
para garantir que o turismo sobrevive ao verão”, mesmo que seja “em
diferentes condições […] do verão passado”.“Temos
de tentar criar diretrizes e possíveis regras para coordenar a situação
porque temos diferentes tipos de turismo e países como Portugal e
outros que são mais expostos ao turismo estrangeiro”, adiantou Paolo
Gentiloni, falando aos jornalistas na apresentação destas previsões
económicas da primavera.A Comissão
Europeia prevê para Portugal, em 2020, uma recessão de 6,8% e que a taxa
de desemprego suba para os 9,7% devido ao impacto da pandemia de Covid-19.