Atividade sísmica nas ilhas de São Miguel e Terceira encontra-se numa “situação estável”
5 de jul. de 2018, 07:00
— Susete Rodrigues/AO Online
A
atividade sísmica na ilha de São Miguel teve início a 15 de junho com
evento de pequena magnitude e “não têm sido sentidos pela
população. Na Terceira a atividade sísmica está centrada na parte
central da ilha, no vulcão do Pico alto e é de baixa magnitude, sendo
que no primeiro dia de atividade sísmica (27 junho), houve um evento
que foi sentido pela população”, explicou Teresa Ferreira,
adiantando que desde então, “temos assistido a um decréscimo na
atividade sísmica e não temos conhecimento que qualquer outro
evento que tenha sido sentido pela população”, alertando contudo
que “mantém-se a possibilidade face à instabilidade sísmica
existente na zona que algum outro evento possa vir a ser sentido”.
Sobre
a origem da atividade sísmica em ambas as ilhas, a presidente da direção do
CIVISA recorda que ambas as ilhas têm sistemas vulcânicos ativos,
portanto “estamos a ter uma sismicidade em zonas que para além do
ponto de vista sísmico serem consideradas ativas, são também
vulcânicas”. Desta forma e no caso da ilha de São Miguel alguns
dos eventos são de “magnitude tão reduzida que não é possível
atribuir uma classificação clara de ser de origem tectónica ou
vulcânica. Já os eventos na ilha Terceira têm tido um padrão
tectónico mais nítido. Contudo independentemente daquilo que é o
mecanismo que origina esses eventos, não podemos esquecer que em
ambas as situações, estamos no domínio de sistemas vulcânicos
ativos”. Por isso “toda a vigilância se mantém no sentido de
detetar alguma alteração que possa vir a ocorrer nessa tipologia de
atividade sísmica que estamos a registar”, frisa.
Uma
relação entre as duas atividades sísmicas (em São Miguel e na
Terceira) não existe, apenas e só “naquilo
que é o contexto do arquipélago. Ou seja quer a ilha de São Miguel
quer a Terceira encontram-se numa região de fronteiras de placas,
entre a placa euro-asiática e a placa africana, que são zonas
ativas do ponto de vista sísmico. A área epicentral encontra-se em
sistemas vulcânicos ativos e esta é a relação existente”.
Teresa
Ferreira lembra que nestes últimos 500 anos algumas das ilhas foram
palco de erupções vulcânicas e que as mesmas fazem parte da
evolução das ilhas, da sua história geológica e vulcânica, tal
como “outras erupções irão ocorrer num futuro. Agora dizer
quando e onde não podemos porque não temos meios de dizer. Por isso
é que vamos fazendo esta monitorização e dando informações de
alguma alteração que ocorra nos vários sistemas vulcânicos nas
ilhas do arquipélago”. Recorda também que “temos uma
sismicidade submarina também significativa e onde existem outros
sistemas vulcânicos ativos. Naturalmente os de maior preocupação
para as populações são aqueles que se situam em terra ou muito
próximos da terra. E é com este objetivo que vamos dando toda a
informação para que também a população tome consciência desta
atividade que vai acontecendo”.