Atividade sísmica na Terceira tem "picos de libertação de energia" mas mantém nível V2
25 de set. de 2023, 16:40
— Lusa
“Mantivemos até agora o nível
V2, porque a transição para o nível V3, como aconteceu em São Jorge, é
de certa maneira determinada pela ocorrência de mais do que um parâmetro
a variar significativamente no mesmo tempo e na mesma zona. Não é o que
aconteceu aqui na Terceira. As variações que temos são muito pouco
significativas e, a manter-se assim, manter-se-á também o nível de
alerta”, adiantou João Luís Gaspar.O
vulcanólogo, que é responsável pelo gabinete de crise do Instituto de
Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos (IVAR) da
Universidade dos Açores, falava, em declarações aos jornalistas, à
margem da instalação de uma estação GNSS (sistema de navegação por
satélite), adquirida pela Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, na
freguesia dos Altares.Desde 24 de junho de
2022 que a atividade sísmica no vulcão de Santa Bárbara, na ilha
Terceira, se encontra “acima dos valores normais de referência”, com o
nível de alerta científico V2 (possível reativação do sistema – sinais
de atividade moderada).O Centro de
Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) colocou a
ilha de São Jorge em alerta V4, equivalente a ameaça de erupção, entre
março e junho de 2022 e só no dia 20 de setembro de 2023 baixou o nível
de alerta de V3 (sistema ativo sem iminência de erupção) para V2.Ao
contrário do que aconteceu em São Jorge, onde a atividade sísmica
“decresceu ligeiramente nos últimos seis meses”, na Terceira têm
ocorrido alguns “picos de libertação de energia”.“Na
Terceira, o comportamento tem sido um pouco inverso. Começámos com uma
atividade mais baixa e ela tem vindo a demonstrar, de vez em quando,
alguns picos de energia, que vão sendo superiores aos anteriores”,
avançou João Luís Gaspar.No fim de semana,
houve novamente um incremente da atividade sísmica na ilha, com dois
sismos sentidos pela população, um dos quais com epicentro no vulcão de
Santa Bárbara.Os investigadores do CIVISA e
do IVAR continuam a acompanhar a evolução da situação e têm “campanhas
previstas para as próximas semanas na ilha Terceira, em áreas
distintas”.“Nós continuamos a acompanhar a
crise, com as redes de sismologia, agora também aqui com estes novos
equipamentos que nos permitem estudar a deformação crostal. O que
podemos fazer é acompanhar o evoluir da situação, contactando com a
Proteção Civil, no sentido de a população estar sempre informada”,
salientou o vulcanólogo do IVAR.Segundo
João Luís Gaspar, desde o início da crise, para além da atividade
sísmica, têm sido monitorizados outros parâmetros como a deformação
crostal, a composição química dos gases e o fluxo dos gases, quer ao
nível das emanações gasosas, quer ao nível das águas.“Não
temos encontrado valores significativos em mais nenhum parâmetro, o que
significa que estamos aqui numa fase ainda particularmente intensa, mas
de sismicidade. De qualquer das maneiras, as variações podem não ser
muito significativas, mas vir eventualmente a alterar-se”, vincou.João
Luís Gaspar lembrou que para além da crise sísmica do vulcão de Santa
Bárbara, que afeta uma “faixa relativamente grande” na ilha Terceira, a
atividade sísmica nos Açores “tem-se espalhado um pouco pelo grupo
central”, com registos na ilha de São Jorge, a noroeste do Faial e a
sudeste da Terceira.