Associações dos Açores apelam a melhorias nas medidas de proteção do cagarro
Hoje 10:24
— Lusa/AO Online
Desde 1995 que a campanha SOS
Cagarro promovida pelo Governo Regional dos Açores, em colaboração com
associações e voluntários, resgata animais juvenis da espécie
Calonectris borealis desorientados pelas luzes no primeiro voo ao
abandonar o ninho.Segundo dados do
executivo açoriano, em 30 anos foram resgatadas mais de 100 mil aves de
uma espécie que já se tornou icónica no arquipélago.Num
balanço da campanha deste ano, que decorreu de 15 de outubro a 15 de
novembro, as seis associações lançaram um apelo, em comunicado, com
cinco recomendações para melhorar a preservação desta espécie.Pedem
um aumento dos meios disponíveis por parte das autoridades
governamentais para implementar a campanha SOS Cagarro, lembrando que
ela depende sobretudo de voluntários, com capacidades limitadas.“Torna-se
urgente, por exemplo, além do reforço da ação dos vigilantes da
natureza, essenciais para o transporte e devolução ao mar de todas as
aves recolhidas, garantir a colaboração organizada do SEPNA [Serviço de
Proteção da Natureza e do Ambiente] da GNR, da Polícia Marítima, das
corporações dos Bombeiros Voluntários, do pessoal das diferentes
secretarias regionais e das autarquias locais”, lê-se no comunicado.As
associações propõem a criação de “um número telefónico de apoio para
cada ilha de maior dimensão para reforçar a coordenação entre quem
encontra as aves e as entidades responsáveis” e a instalação de cartazes
“a apelar a uma redução de velocidade nas estradas mais problemáticas”.Defendem
ainda a criação de uma verdadeira rede de Centros de Recuperação de
Fauna nos Açores e a contratação efetiva de médicos veterinários
especializados em aves selvagens.Segundo
os signatários, muitas vezes as aves são encontradas com feridas e
lesões e sem acompanhamento de um veterinário têm “reduzidas
probabilidades de sobrevivência”.“Uma
região com as características e importância dos Açores não se pode
permitir ficar sem uma rede de centros destinados ao cuidado e
recuperação de fauna selvagem. Importa salientar que os centros
inaugurados há alguns anos com este objetivo nunca chegaram, na prática,
a funcionar plenamente”, apontam.Para as
associações é preciso agir também na prevenção, reduzindo de forma
significativa a poluição luminosa noturna “durante as duas ou três
semanas em que ocorre a saída dos juvenis dos ninhos”.“Os
esforços realizados até ao momento não são suficientes, como demonstra o
elevado número de aves caídas também neste ano”, alertam, considerando
que “é necessário definir prazos para uma implementação obrigatória
destas medidas nos pontos mais problemáticos da região”.As
associações sugerem que sejam criadas medidas de proteção de colónias
de nidificação em locais do litoral não incluídos em áreas protegidas e
que o cagarro, “um dos elementos naturais mais emblemáticos da região”,
seja declarado como “Ave Regional dos Açores”.“A
atribuição deste estatuto simbólico irá responder ao marcado sentimento
de orgulho que o cagarro gera entre os açorianos e reconhecer também o
compromisso de todos os participantes na campanha ao longo dos anos”,
justificam.O comunicado é assinado pelas
associações ecológicas Amigos dos Açores e Amigos do Calhau, pela
Associação para a Promoção e Proteção Ambiental dos Açores (APPAA), pelo
núcleo dos Açores da Associação Nacional de Ambiente IRIS, pelo núcleo
de São Miguel da Associação Nacional de Conservação da Natureza Quercus e
pela Avifauna dos Açores.