Associação Zero lança campanha contra proposta do PS/Açores para áreas marinhas
16 de dez. de 2025, 18:24
— Lusa/AO Online
Em
comunicado, a associação apela também aos “decisores políticos para que
deixem cair a proposta de terceira alteração ao Decreto Legislativo
Regional n.º 28/2011/A, de 11 de novembro”, apresentada pelo PS, que
visa permitir a pesca de salto e vara (método artesanal que permite
capturar o atum na superfície com isco vivo) nas áreas marinhas
protegidas.A Zero considera que iniciativa
do PS, que deverá ser discutida em janeiro na Assembleia Regional,
“compromete os objetivos de conservação” e “enfraquece a contribuição
dos Açores para metas nacionais e internacionais de conservação
marinha”.“Permitir a pesca de salto e vara
nestas zonas compromete a integridade ecológica, dificulta a
fiscalização – dado que a maioria da frota opera com várias licenças –,
coloca em risco compromissos internacionais de Portugal e fragiliza
decisões baseadas em evidências científicas”, defende.A
associação apela ainda à sociedade civil para que se mobilize em defesa
da Rede de Áreas Marinhas Protegidas dos Açores (RAMPA), que estabelece
a proteção de 30% do mar do arquipélago, dos “quais metade corresponde a
zonas de proteção estrita”.“Este avanço
de enorme significado coloca Portugal em condições de proteger
aproximadamente 18% de áreas marinhas protegidas a nível nacional, sendo
cerca de 10% sob proteção total — um aumento muito expressivo face aos
4,5% previamente protegidos, onde a proteção total era quase residual”,
salienta.A Zero diz reconhecer “plenamente
a relevância social, económica e cultural da pesca nos Açores”, mas
sinaliza que a criação de zonas totalmente protegidas também beneficia o
setor, já que “funcionam como áreas de recuperação ecológica”,
contribuindo para a “sustentabilidade da pesca a médio e longo prazo”.A
associação defende também que o futuro da pesca de salto e vara “não
depende da expansão da área de operação, mas sim da valorização da sua
seletividade” e da “diferenciação comercial de capturas de baixo
impacto”.“Este é, pois, um período
decisivo em que a sociedade civil ainda pode influenciar o processo
legislativo. A campanha SOS Mar dos Açores é um apelo à ação: proteger
integralmente as zonas de proteção total da RAMPA é investir
simultaneamente na resiliência ecológica, económica e social da região”,
lê-se no comunicado.A campanha SOS Mar
dos Açores está disponível na Internet (sosmar.zero.ong) e permite
enviar automaticamente um 'email' aos deputados do parlamento açoriano a
solicitar a recusa da proposta apresenta-a pelo PS.O
parlamento dos Açores aprovou, em outubro de 2024, a proposta do
Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) que estabelece a criação de áreas
marinhas protegidas em 30% do mar do arquipélago, com votos a favor de
PSD, CDS-PP, PPM, PS e BE, a abstenção do PAN e votos contra do Chega e
da IL.A RAMPA devia ter entrado em vigor
no dia 30 de setembro, mas o prazo foi adiado para o início de 2026,
tendo o PS/Açores apresentado uma proposta para permitir a pesca de
salto e vara em zonas protegidas.O líder do Governo Regional, o social-democrata José Manuel Bolieiro, já apelou aos socialistas para retirarem a iniciativa.