Associação quer saber razão para medidas de apoio ao cuidador continuarem por aplicar
5 de nov. de 2024, 11:10
— Lusa
Em
declarações à agência Lusa, quando se assinala o Dia Mundial do
Cuidador Informal, a vice-presidente da Associação Nacional de
Cuidadores Informais (ANCI) explicou que o objetivo do encontro
nacional, que decorre hoje em Vila Nova de Gaia, era ter as ministras da
Saúde e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social “a explicar aos
cuidadores informais o porquê de não haver medidas implementadas”.“O
que acontece é que não vamos ter a presença [do Ministério] da Saúde
porque todos se negaram a estar presentes, desde a ministra ao
secretário de Estado, aos adjuntos, todos negaram a estar presentes”,
disse Maria Anjos Catapirra.A “Ministra do
Trabalho, [Solidariedade] e Segurança Social passou o assunto para a
secretária de Estado da [Ação Social e da] Inclusão, que também não vai
estar presente”, mas irá enviar uma declaração gravada em vídeo,
adiantou a vice-presidente da ANCI.Segundo
Maria Anjos Catapirra, o debate com as duas tutelas “já não vai ter
razão de ser”, mas o encontro irá servir para elaborar um documento com
propostas de medidas que depois serão enviadas aos ministérios.“O
nosso grande objetivo é saber porque é que não há medidas implementadas
como o descanso do cuidador, como o apoio domiciliário, ou o porquê de
haver um orçamento ainda inferior ao do ano anterior, porque não tem
lógica”, apontou a responsável.Acrescentou
que seria também objetivo que as duas ministras explicassem o papel do
profissional de saúde de referência, uma vez que “a maior parte das
pessoas [cuidadoras] não tem” esse apoio, ou o que faz um assistente
social, tendo em conta que “na maioria dos casos, as pessoas não estão a
ser acompanhadas”.Maria Anjos Catapirra
afirmou que a legislação sobre estas matérias foi aprovada, mas as
medidas tardam em ser concretizadas, dando como exemplo que “há muitos
concelhos, como por exemplo o Seixal, que ainda não têm profissionais de
saúde de referência indicados para os cuidadores informais”.“Falta
a alteração de uma série de medidas que nós pedimos, como por exemplo o
subsídio de apoio não ser dependente do rendimento do agregado familiar
e fazer a extensão do subsídio de apoio às pessoas que têm reformas por
velhice”, defendeu.Relativamente ao apoio
domiciliário, a vice-presidente da ANCI referiu que é um serviço
prestado pelas instituições de solidariedade social e que estas têm
falta de pessoal qualificado, alertando que “não se limita a ser trazer
comida e dar banho”.“Têm que ser equipas
multidisciplinares que possam ficar na residência a cuidar da pessoa
cuidada para que o cuidador tenha algumas horas de descanso”, apontou,
sublinhando desconhecer o que possa vir a ser o “apoio domiciliário de
quarta geração”, anunciado pelo Governo.Já
sobre o descanso do cuidador, Maria Anjos Catapirra disse que “não
funciona”, tendo em conta as filas de espera para que a pessoa cuidada
possa dar entrada num lar por um período de 30 dias.Dúvidas
e questões que os cuidadores gostariam de colocar diretamente às
tutelas, mas que, tendo em conta que tal não será possível, serão
expostas num “documento sucinto com as exigências” a apresentar ao
Governo.O IV Encontro Nacional tem como
tema “Direitos e Medidas por Implementar” e conta com a presença do
Presidente da República na sessão de encerramento.