Associação quer encontros entre emigrantes nos Açores contra a solidão no regresso
20 de nov. de 2023, 20:01
— Lusa
Recém-empossada
como presidente da AEAzores – Associação dos Emigrantes Açorianos,
Andrea Moniz-DeSouza elege o acompanhamento destes emigrantes
regressados como uma das prioridades do seu mandato, consciente que,
para muitos, o sonhado regresso nem sempre é fácil.“É
mais fácil voltar para Portugal com o dinheiro que conseguiram juntar
durante uma vida e é também o seu sonho, para aproveitarem o resto da
vida no país de origem, mas quando regressam são poucas as pessoas que
conhecem. Muitos dos amigos e familiares morreram e até os Açores estão
hoje muito diferentes”, disse à agência Lusa.As dificuldades são maiores para quem não tem carta de condução nem facilidade de mobilidade entre as ilhas, referiu.Um
fator que contribui para este “sentimento de solidão” é a ausência de
encontros entre açorianos, o que “é muito frequente na diáspora, onde a
comunidade açoriana é bastante ativa”.“Eu
gostava de promover esse tipo de ajuda, de ajuntamentos”, que são
“fundamentais, principalmente numa altura em que as pessoas têm mais
tempo porque já não trabalham e têm algum conforto económico”, adiantou.De
acordo com a responsável, “as pessoas [emigrantes portugueses]
juntam-se mais nos locais de emigração do que propriamente em Portugal”.Segundo
Andrea Moniz-DeSouza, que é cônsul honorária de Portugal nas Bermudas, o
regresso dos açorianos começa agora a ser cada vez mais frequente, mas
também o interesse dos lusodescendentes em viverem no arquipélago. “O
mundo está mais global e com a possibilidade do teletrabalho, muitos
lusodescendentes estão a equacionar irem viver para os Açores e
trabalhar a partir de lá, onde conseguem mais tranquilidade”, observou. Por outro lado, o arquipélago sofreu um desenvolvimento que o torna quase irreconhecível para quem de lá partiu há décadas.Os
emigrantes que regressam, afirmou Andrea Moniz-DeSouza, gostam do
desenvolvimento e de verem a sua terra tão procurada por turistas do
mundo inteiro, não sem lamentarem a confusão, principalmente no verão.E
se são cada vez mais os que regressam, continuam também muitos a partir
e, segundo a presidente da AEAzores, pelos mesmos motivos de sempre: “A
vida está difícil, não há muito trabalho nos Açores e os que lá
trabalham não ganham muito”.Natural dos Arrifes, Ponta Delgada, Andrea Moniz-DeSouza emigrou para a Bermuda (território britânico) com os pais. “Desde
a minha infância como uma criança emigrante, sempre tive muito orgulho
de ser açoriana e uma paixão por promover a nossa cultura nas Bermudas e
nas comunidades de emigrantes”, contou.A
advogada desempenhou várias funções em organizações dos emigrantes
açorianos nas Bermudas, como o Clube Vasco da Gama, fundado em 1935, e a
Casa dos Açores da Bermuda.Enquanto
presidente da AEAzores, pretende criar um gabinete de apoio para
emigrantes que desejem investir nos Açores e organizar intercâmbios com
jovens da diáspora para que estes recebam formação para futuros
embaixadores dos Açores nas suas comunidades da diáspora.