Associação procura voluntários para 'campos de férias' de reabilitação de casas incendiadas
18 de mai. de 2018, 11:13
— Lusa/AO online
Duarte
Fonseca, diretor de estratégia e desenvolvimento da associação sem fins
lucrativos, que reabilita casas de pessoas carenciadas, explicou à
agência Lusa, que, à semelhança do ano passado, a associação vai
intervir em zonas afetadas pelos incêndios.“Este
ano vamos para 12 locais espalhados pelo país, com 15 campos. Estamos
muito focados nos novos locais de campo nas zonas de incêndios. No ano
passado já tínhamos estado em Pedrógão Grande e Castanheira de Pera,
onde participámos nas primeiras quatro casas que foram então
reabilitadas”, contou o responsável.Agora,
já estão abertas as inscrições para os cerca de mil voluntários
pretendidos este ano, já que a organização deu “um salto grande” e de
cinco/seis campos realizados em 2017 vai passar para 15, em Setúbal,
Ferreira do Zêzere, Cascais, Óbidos, Sever do Vouga e Vila Pouca de
Aguiar, além de concelhos atingidos pelos incêndios.O
responsável adiantou ainda que os voluntários são essencialmente
estudantes universitários, mas nestes campos de férias participam ainda
voluntários mais velhos “e com experiência em campos anteriores para
fazer a ponte com o técnico de obra, gerir os voluntários, assumindo o
papel de coordenadores”.“Vai
ser uma megaoperação nos próximos três meses, ali entre julho e
setembro. Uma operação complexa, mas que vai ser ótima”, referiu,
lembrando que as equipas vão “reabilitar, não construir”.Duarte
Fonseca explicou que a Just a Chance “trabalha sempre com as câmaras
municipais e/ou juntas de freguesia”, em “casas e casos concretos” que
foram sinalizados por assistentes sociais.“Depois
de conhecer os casos validamos segundo os nossos critérios de pobreza
habitacional. Escolhemos pelo estado de degradação, condição
socioeconómica e depois intervimos”, disse, esclarecendo que não fazem
nada de raiz, mas reabilitação de telhados, canalização, eletricidade,
pinturas, e também “aquela parte estética que é importante para a
autoestima” das pessoas.Basicamente,
o dia-a-dia do campo de férias começa com o pequeno-almoço pelas 07:30 e
às 09:00 os voluntários encontram-se na obra, onde permanecem até às
18:00. Pelo meio almoçam, ainda na obra, com a família com a qual estão a
colaborar, “de forma a criar uma relação”. Ao
final do dia, há um encontro num local próximo de água, rio, barragem
ou praia, consoante a zona, para relaxar, explicou Duarte Fonseca.
Para ‘chefiar’ toda a operação, há uma direção de campo, também
voluntária, que coordena tudo o que é preciso paralelamente à obra, como
as refeições, alojamentos dos voluntários e outras questões logísticas.“Cada
casa para ser reabilitada tem um mestre de obras, contratado localmente
de forma a injetar dinheiro na economia local, um coordenador de
voluntários e os próprios voluntários”, referiu, acrescentando que os
campos são de sete ou 12 dias, conforme a obra a intervencionar, e só há
descanso ao domingo.O
Just a Change foi fundado em 2010 com o objetivo de recuperar casas
degradadas de pessoas com poucos recursos devido ao apoio de
voluntários, parceiros locais e empresas.Desde
a sua criação esta organização sem fins lucrativos já beneficiou quase
100 casas e 30 instituições, com benefícios para os que nelas habitam ou
dependem. Em
2017 foi distinguida pelas Nações Unidas no âmbito do “Social
Innovation to Tackle Fuel Poverty”, um programa criado pela conferência
sobre Alterações Climáticas (COP23).