Associação prevê registo de mais casos de violência contra mulheres nos Açores
25 de nov. de 2017, 15:47
— AO/Lusa
"A
perceção que eu tenho neste momento é de que este ano os números
relativos à UMAR/Açores de casos novos vão aumentar em relação ao ano
passado. Nós no ano passado tivemos 117 casos em São Miguel, Terceira e
Faial, e este ano vai aumentar consideravelmente. O mês de setembro foi
um mês anormal, apareceram-nos imensos casos novos só na UMAR e existem
outras instituições", afirmou Maria José Raposo.A
responsável falava na apresentação da campanha "16 dias de ativismo
pelo fim da violência contra as mulheres", em Ponta Delgada.Segundo
a presidente da UMAR/Açores, o aumento dos números poderá não
significar um aumento da violência, mas uma maior procura de ajuda,
devido a "uma maior consciência" que as pessoas têm em relação aos seus
direitos e a uma "maior celeridade da Justiça"."Há
sigilo, há profissionalismo, há eficiência, há resposta. O que nós
notamos é que quanto mais célere forem as respostas da Justiça, maior
[número] de pessoas nos procuram. Cada vez mais têm a noção de que é um
problema que tem solução e então procuram ajuda, ajuda jurídica,
psicológica para poderem ter uma vida saudável", disse.Maria
José Raposo explicou que a maioria dos casos que chegam à UMAR são de
"violência física e psicológica", sendo que em terceiro lugar aparece
"uma violência muito forte ao nível sexual".Segundo
a representante da UMAR nos Açores, há uma tendência para se registar
uma maior procura de ajuda na altura das festividades do Natal e Ano
Novo, o que poderá ter a ver com um maior consumo de álcool, mas também
"com as promessas de ano novo de mulheres que querem mudar de vida."Nós
notamos que a seguir ao Natal, ali no início do ano novo, é quando nós
temos um índice de procura extremamente grande", disse. A
presidente da UMAR/Açores lembrou que "há ainda muito trabalho a fazer"
no que toda à "mudança de mentalidades", sobretudo dos mais jovens. Por
isso, a associação está a introduzir nas escolas um projeto de
prevenção intitulado "Violentómetro", que pretende "medir a relação de
violência que existe entre os jovens dos 12 aos 18 anos"."Para
que, de uma vez por todas, possamos ver se conseguimos acabar com as
violências que existem nesta faixa etária, para nós podermos trabalhar
para o futuro, porque nós estamos a encontrar filhos de gerações que já
trabalhámos", disse.O
projeto, a dois anos e que vai traçar "o perfil dos jovens açorianos
quanto à violência entre jovens e nas relações de namoro", está a ser
implementado nas escolas básicas e secundárias da Região Autónoma dos
Açores, numa primeira fase com a realização de um inquérito. Deverá
haver resultados "no final do ano letivo".Maria
José Raposos falava hoje aos jornalistas no dia em que se celebra o Dia
Internacional da Erradicação da Violência sobre a Mulher e sobre a
campanha que a UMAR inicia hoje, até 10 de dezembro, Dia Internacional
dos Direitos Humanos.