Associação pede legislação sobre animais de assistência e terapia
15 de nov. de 2017, 11:54
— Lusa/AO online
Esse
será um dos temas em debate no I Congresso Internacional sobre Animais
de Ajuda Social, que irá decorrer a 25 e 26 de novembro na Biblioteca
Municipal de Oliveira de Azeméis, contando já com cerca de 80 inscrições
por parte de beneficiários, terapeutas, psicólogos, veterinários,
gerontologistas, educadores caninos, agrónomos, zootécnicos, docentes de
enfermagem e etologia."Os
animais de ajuda social são fantásticos desbloqueadores e motivadores, e
as suas potencialidades começam a chamar a atenção, mas também há o
reverso da medalha, porque pessoas sem formação e ética aproveitam-se
das necessidades das famílias, dão-lhes esperança e depois vê-se muita
situação de ‘gato por lebre', o que é mau para um setor de atividade que
pode fazer muito bem", declarou à Lusa o secretário-geral da ÂNIMAS,
Abílio Leite."Em
Portugal, só a Escola de Cães-Guia da Beira Aguieira e a ÂNIMAS é que
são reconhecidas a nível internacional no que se refere a cães de
assistência, mas, no que respeita às Intervenções Assistidas [por duplas
homem-cão, em ações terapêuticas ou educacionais], como não há qualquer
tipo de legislação, qualquer um diz que as sabe realizar", alertou o
mesmo responsável.Abílio
Leite reconheceu que "as listas de espera têm números assustadores",
mas defendeu que uma regulamentação mais rigorosa é essencial para
assegurar a "imperiosa educação" dos animais que prestam apoio a seres
humanos e, por consequência, a qualidade de vida desses beneficiários.
"É preciso ter noção de que estamos a colocar a vida de uma pessoa ao
cuidado de um cão e que, se o trabalho não for feito de um modo
responsável e com ética, as consequências poderão ser desastrosas",
explicou.A
ÂNIMAS argumenta, por isso, que a legislação deve ter em conta as
especificidades das diferentes categorias de animais de ajuda social,
que se subdividem em cães de assistência, cães de intervenção assistida
por animais (numa distinção em relação a outras espécies utilizadas em
terapia, como os cavalos) e cães de apoio emocional.No
primeiro caso, estão em causa sobretudo cães-guia, cães de serviço e
cães para surdos, cujo treino custa mais de 20.000 euros e os prepara
individualmente para realizarem tarefas que aumentem a autonomia e a
funcionalidade da pessoa com deficiência sensorial, mental, orgânica ou
motora que vão apoiar.Os
cães de intervenção assistida, por sua vez, atuam sempre em dupla com
um humano, "por sessões e com diferentes pessoas", maioritariamente em
processos de diagnóstico, terapia e reabilitação, mas também em
trabalhos de educação e mesmo em atividades de animação recreativa.Já
os cães de apoio emocional, "não passam por um processo educativo tão
exigente quanto o dos cães de assistência", mas ajudam em crises de
ansiedade, por exemplo, e contam com os mesmos direitos que os de um cão
de companhia.No
congresso de 25 e 26 de novembro, a ÂNIMAS pretende "promover o debate
entre todos os intervenientes nesses processos", envolvendo na discussão
desde o meio universitário até à comunidade de beneficiários desses
animais, passando por terapeutas, técnicos e educadores caninos."Este
debate é fundamental para se alinhar posições e se definir caminhos que
visem melhorar a qualidade de vida das pessoas que necessitam destes
animais", concluiu Abílio Leite.